Ucrânia: história de uma Igreja mártir

16 Abril 2023

Cardeal Josyp Slipyj, grande figura da resistência católica ucraniana, declarou em 1971, no Sínodo dos Bispos em Roma: «Os católicos ucranianos, que já sacrificaram montanhas de corpos e derramaram rios de sangue pela Fé Católica e pela sua fidelidade à Santa Sé, estão mesmo agora a sofrer uma terrível perseguição. Mas o que é pior é que não são defendidos por ninguém. Milhares e milhares de pessoas foram mortas. Outras foram deportadas para as regiões polares da Sibéria. Agora, porém, devido às negociações e à diplomacia, os católicos ucranianos, mártires e confessores, são postos de lado como testemunhas incómodas».

Parte I

A 23 de Dezembro de 1595, acompanhado pela Corte Pontifícia, pelo Corpo Diplomático e pelos trinta e três cardeais presentes em Roma, o Papa Clemente VIII dirigiu-se à Sala de Constantino do Palácio Apostólico para acolher a definitiva reunião dos fiéis ucranianos com a Igreja Católica Romana. No dia seguinte, os bispos uniatas[1] participaram nas celebrações de Natal na Basílica de São Pedro. Alguns meses mais tarde, a 10 de Outubro de 1596, na Igreja de São Nicolau, em Brest, a união foi sancionada pelo Metropolita de Kiev-Aliche, que tinha jurisdição sobre toda a Ucrânia e a Bielorrússia.
 
As origens da Rússia católica          
 

Os contactos entre Roma e os ucranianos eram antigos. Olga, Grã-Princesa de Kiev, tinha sido baptizada, em Constantinopla, em 955. O seu neto, Vladimir, o Grande, Príncipe de Novogárdia, Grão-Príncipe de Kiev e Chefe da Rússia de Kiev, também se converteu à fé católica romana em 988 e quis manter relações estreitas com o Papado, apesar da oposição dos gregos. Hoje em dia, ambos são venerados como santos. 
 
Em 1075, pouco depois do Cisma do Oriente, o Grão-Príncipe Iziaslau I tornou-se o primeiro “Rei da Rus”, com o apoio de Henrique IV, Imperador do Sacro Império, e do Papa S. Gregório VII, que lhe enviou uma coroa. Mais tarde, em meados do século XIII, os príncipes ucranianos Daniel e Vasylko recorreram à Santa Sé para obter apoio contra as invasões tártaras. Em resposta, a Santa Sé proclamou uma cruzada contra os tártaros, que, no entanto, não se chegou a concretizar. Porém, o Papa enviou missionários, alguns dos quais foram até à corte do Grão-Cã. Apesar do facto de o Oriente já ter caído no cisma, aquela que ficaria conhecida como Ucrânia insistia em manter relações com Roma. 
 
Em 1253, o legado pontifício coroou Danilo da Galícia, também conhecido como “Daniel da Rus”, como primeiro Rei da Ruténia. Lemos na acta da coroação: «Coroamos-te com a coroa de Deus, da Santa Igreja Católica, dos Santos Apóstolos, de São Pedro e do Papa Inocêncio». Todos estes factos apontavam para a reunião da Igreja ucraniana com Roma, desejada por muitos, como testemunhava um bispo ucraniano que participou, em 1245, no Concílio de Lyon.   
 
Infelizmente, o Cisma do Ocidente e o subsequente declínio do Papado atrasaram este processo. A união de Brest viria a realizar-se só em 1596. Em 1646, houve uma segunda união, a de Uzhhorod, envolvendo principalmente o clero da região dos Cárpatos. Embora sob a protecção do Sacro Império Romano, o clero ucraniano foi autorizado a conservar intacta a liturgia bizantina. Assim, formaram-se as dioceses católicas bizantinas de Uzhorod e de Mukachevo. 


A perseguição cismática      
 

Os líderes do chamado cisma ortodoxo, especialmente os de Constantinopla, desencadearam uma verdadeira perseguição contra qualquer tentativa de se reunirem com Roma. O seu ódio centrou-se na figura do grande São Josafat, Arcebispo de Polock. Rezando dia e noite com espírito de mortificação e de penitência, dedicou a sua vida a converter os cismáticos. Depois de escapar a várias emboscadas, foi por fim morto em Vitebsk, na Bielorrússia, a 12 de Novembro de 1623. Cravado de balas, com o crânio esmagado com um machado, foi atirado para o rio Duína. As crónicas relatam que o seu corpo, resplandecente de luz, flutuou até à superfície e foi recuperado pelos fiéis. Foi beatificado pelo Papa Urbano VIII e canonizado, em 1867, por Pio IX. Após um período em Viena, os seus restos mortais foram trasladados para a Basílica de São Pedro, no Vaticano, onde ainda repousam.
 
Não obstante a variável e difícil situação política, a Igreja Católica Ucraniana continuou a desenvolver-se. Escreve o historiador Valentyn Yakovych Moroz: «A Igreja uniata penetrou no corpo vivo da espiritualidade ucraniana até adquirir um carácter nacional», espalhando-se, assim, por todo o País.
 
Um tesouro da alma ucraniana é, sem dúvida, a devoção a Nossa Senhora. Os especialistas em espiritualidade católica oriental atestam o facto de que a devoção a Maria Santíssima tem uma particular importância na Ucrânia. Foi mesmo declarado: «A Mariologia e a devoção mariana atingiram na Ucrânia um ápice não superado em nenhuma outra parte do mundo»[2].
 
A perseguição contra o catolicismo na Ucrânia continuou com os czares da dinastia Romanov, que transferiram a capital de Kiev para Moscovo e, depois, para São Petersburgo. A perseguição intensificou-se sob Pedro I, provocando milhares de vítimas. Pedro era chamado “Martelo da Igreja Católica Ucraniana” e gabava-se de ter matado dois sacerdotes da Ordem de São Basílio com as próprias mãos. Em 1721, ordenou a liquidação da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Pouco depois, com a força militar, Catarina II forçou oito dos doze milhões de católicos ucranianos a juntarem-se à igreja ortodoxa russa. As expedições militares contra a Ucrânia, como a de 1826 por Nicolau I, tornaram-se um elemento da política externa russa. Em 1839, a Sé Metropolitana de Kiev e as Eparquias da Bielorrússia e da Ucrânia foram suprimidas. Mais uma vez, houve milhares de mártires e de confessores da fé entre os sacerdotes e os leigos que resistiam. Em 1875, Alexandre II suprimiu a Diocese de Kholm, a última diocese greco-católica ainda existente no Império Russo[3].
 
Durante a Primeira Guerra Mundial, as tropas russas invadiram a Ucrânia ocidental e “aboliram” a União de Brest. Também puseram o Conde Andrei Sheptytsky, Metropolita de Kiev-Aliche, na prisão. Com a retirada dos russos em 1915, o prelado pôde regressar à sua Sé[4]. O pior, porém, ainda estava para vir. Em 1917, tomou o poder na Rússia o pior inimigo da Civilização Cristã: o comunismo. 
 
O período comunista
 

A partir deste momento, o destino do catolicismo na Ucrânia entrelaçou-se com a história do comunismo, e também com a da Ostpolitik vaticana, adquirindo, assim, um significado universal.
 
No final da Primeira Guerra Mundial, a Ucrânia ocidental, com a sua grande população católica, passou a estar sob o controlo da Polónia. Aí a situação permaneceu tranquila. Do sector oriental, sob o domínio da Rússia comunista, porém, começaram a chegar notícias terríveis: estava em curso um drama humanitário. Depois da derrota dos Russos Brancos na guerra civil, o Estado bolchevique tinha iniciado uma campanha de extermínio dos anticomunistas. Começou também o processo de colectivização das propriedades rurais. Face à resistência dos pequenos proprietários ucranianos, Moscovo enviou o Exército Vermelho para confiscar a produção agrícola e as cabeças de gado, deixando a população na impossibilidade de se alimentar. Seguiu-se uma fome – totalmente induzida, uma vez que as culturas eram abundantes, mas foram ipso facto confiscadas e levadas embora – que provocou a morte de dezenas de milhares de pessoas. Em Kherson, por exemplo, morreu 85% da população[5]. Ao fazê-lo, Lenine pretendia apagar qualquer ligação à propriedade privada, o “pecado original” segundo a ideologia marxista. No início dos anos trinta, as necessidades políticas do comunismo levaram Estaline a provocar uma nova fome artificial, indescritivelmente pior do que a precedente. O número de mortos foi calculado em mais de sete milhões. Aldeias inteiras desapareceram e a Ucrânia encheu-se de campos de concentração. Foi um dos mais terríveis holocaustos da história, conhecido hoje como Holodomor (assassinato em massa por fome)[6].
 
Em 1933, Mons. Sheptytsky, Metropolita de Kiev-Aliche, dirigiu ao mundo um apelo que ficará na história: «Já estamos a ver as consequências do regime comunista: a cada dia que passa a situação torna-se mais assustadora. A visão destes crimes horroriza a natureza humana e gela o sangue. Não sendo capazes de trazer ajuda material aos nossos irmãos e irmãs moribundos, imploramos aos fiéis que assaltem o Céu com orações, jejuns, penitências e obras de misericórdia. Protestemos perante o mundo inteiro contra a perseguição das crianças, dos pobres, dos doentes e dos inocentes. Processemos os perseguidores perante o Tribunal de Deus Omnipotente. O sangue dos camponeses famintos que lavram o solo da Ucrânia clama por vingança aos olhos de Deus. O lamento dos nossos irmãos moribundos chega ao Céu»[7].        
 
Como resposta sardónica, os comunistas construíram um arco do triunfo em Kirovohrad com as palavras: «Estamos a entrar na primeira fase do comunismo, o socialismo». Em redor do arco jaziam dezenas de cadáveres emaciados: era o preço do socialismo[8]
 
O perverso pacto nazi-comunista   
 

Na cidade de Brest, onde em 1856 os uniatas haviam regressado ao seio da Igreja, os soviéticos assinaram, em 1939, um pacto de colaboração com os nazis, conhecido como Pacto Molotov-Ribbentrop. As duas ditaduras tinham acordado a divisão da Polónia. Como resultado, os tanques soviéticos ocuparam a Ucrânia ocidental, a zona com a mais forte presença católica. Prevendo tempos difíceis, o Metropolita Sheptytsky escolheu um brilhante sucessor, Mons. Josyp Slipyj, consagrando-o secretamente Bispo Coadjutor de Lviv com direito à sucessão. Era o dia 21 de Dezembro de 1939. Ao início, os comunistas russos evitaram um confronto frontal com os católicos, por medo do povo, mas começaram a confiscar as propriedades da Igreja e a impor restrições.
 
Entretanto, excogitaram uma forma para destruir a Igreja Católica, servindo-se da igreja ortodoxa russa de Moscovo (IOR). Desta forma, tentaram dar o aspecto de uma disputa religiosa (católicos gregos versus ortodoxos) àquilo que era, na realidade, uma tentativa política de suprimir a Igreja Católica. 
 
Desde que Estaline tinha reconstituído a hierarquia da IOR, esta tinha-se tornado um dócil e útil instrumento nas mãos da ditadura soviética. Em 1927, Sérgio, metropolita de Moscovo, tinha redigido uma declaração de obediência ao regime bolchevique. Em 1928, declarou: «As alegrias e as vitórias da União Soviética são também as nossas alegrias e as nossas vitórias». Num livro publicado em 1942, afirmou: «Nunca ninguém foi perseguido na União Soviética por causa da sua religião». Em 1943, Estaline recompensou-o, reconstituindo na sua pessoa o “Patriarcado” de Moscovo, que se tornou uma espécie de Ministério da Religião do regime comunista soviético[9].

Fonte: Tradizione, Famiglia, Proprietà (originalmente escrito em 1977) 

Notas:

[1] Termo, originalmente pejorativo, que os ortodoxos cismáticos russos utilizam para se referirem aos cristãos orientais que procuraram sempre manter-se unidos à Sé Apostólica [n.d.r.].

[2] Miroslav Labunka e Leonid Rudnytzky, The Ukrainian Catholic Church: 1945-1975, St. Sophia Assoc., Philadelphia, 1976, pp. 120-122.

[3] Ludwig Pastor, Historia de los Papas desde fines de la Edad Media, Gidi S.A., Buenos Aires 1958, vol. XVI, pp. 351-355.

[4] Analecta OSBM, First Victims of Communism, Rome 1950, pp. 2-5.

[5] ABN Magazine, Munique, vol. XXIV, n. 2, Abril de 1973.

[6] Ethnocide of Ukrainians in the USSR, Smoloskyp, Baltimore, 1976. Estudo baseado em The Ukrainian Herald, nn. 7-8, pp. 45-63.

[7] Ibid., pp. 14-16.

[8] Ibid., p. 47.

[9] Ulisse Floridi, S.J., The Role of Ukraine in Recent Soviet-Vatican Diplomacy, Thomas Bird Co., New York 1972, pp. 63-69. Colocamos “Patriarcado” entre aspas porque não criado pela legítima autoridade.

Parte II

Nikita Krushchev (1894-1971), foi o Primeiro Secretário do PC da União Soviética (de 1953 a 1964), tendo marcado uma era de forte consolidação para o comunismo internacional. Apesar das diferenças relativamente à «nova era» de Putin, houve sempre um ponto em que ambos foram inflexíveis: a aliança com a igreja cismática e a obstinada perseguição aos católicos.

O papel da igreja “ortodoxa”          
 

Ocupada pelos nazis em 1941, a Ucrânia foi recuperada pelos russos em 1944. A 1 de Novembro morria o Metropolita Sheptytsky e Mons. Slipyj assumia o cargo de Arcebispo Metropolita de Lviv. Os comunistas abriram então uma nova fase na guerra contra a Igreja Católica, utilizando como gazua o “Patriarcado” de Moscovo[1]. No início de 1945, o patriarca Aleksej, sucessor de Sérgio, enviou uma carta a Mons. Slipyj, amplamente noticiada na imprensa comunista, na qual convidava os católicos ucranianos a deixar a verdadeira Igreja para unir-se à ortodoxa russa. Naturalmente, o apelo foi rejeitado[2]. A 8 de Abril de 1945, um certo Volodymyr Rosoycyc publicou um violento artigo contra os católicos ucranianos no jornal comunista Vilna Ukraina de Lviv. A 11 de Abril, Mons. Slipyj e outros quatro bispos foram presos sem nenhuma explicação. Um a um, todos os bispos católicos acabaram nas prisões soviéticas. Os comunistas tentaram fazê-los apostatar. A Mons. Slipyj foi mesmo oferecida a posição de “Patriarca”. Todo o episcopado, porém, permaneceu fiel[3].           
 
Enquanto milhares de católicos, entre os quais muitos sacerdotes e religiosas, eram deportados para os campos de concentração, as associações católicas foram suprimidas. Pouco depois, alguns sacerdotes apóstatas constituíram o “Grupo de Acção”, destinado a «unir o catolicismo ucraniano ao Patriarcado de Moscovo». Com a ajuda deste minúsculo grupo, o IOR começou a ocupar as sedes deixadas vacantes pelos bispos presos[4]. Apoiado pelo “Patriarcado” de Moscovo, o “Grupo de Acção” realizou um pseudo-sínodo em Lviv. Participaram apenas 216 dos mais de 3 mil sacerdotes padres e nenhum bispo. Este conciliábulo ratificou a “abolição” da União de Brest. Inútil ressaltar a sua fundamental ilegitimidade[5].          
 
Pouco depois, um procedimento idêntico foi implementado na zona dos Cárpatos, onde a União de Uzhhorod foi “abolida” por outro conciliábulo. Aliás, a mesma táctica foi também utilizada na Roménia, onde um punhado de sacerdotes apóstatas realizou, em 1948, o pseudo-sínodo de Alba Júlia, que “aboliu” a União de 1698.  
 
Para avaliar correctamente o espírito que animava estes sacerdotes apóstatas, basta considerar uma passagem da carta que o Padre Kostelnyk, chefe do “Grupo de Acção”, escreveu, a 29 de Maio de 1945, às autoridades soviéticas, comunicando-lhes a abolição da União de Brest: «Sob a liderança do Primeiro Marechal, o incomparável Estaline, o corajoso e magnífico exército soviético cobriu-se de glória imortal. Destruiu o exército de Hitler e, assim, salvou a Europa do terrível domínio nazi e todos os povos eslavos de uma segura perdição. Os velhos sonhos dos ucranianos foram realizados. Todas as terras ucranianas foram reunidas com a Pátria Mãe. A Ucrânia ressurge numa paterna união com Moscovo e com todos os povos soviéticos. Agora a nossa Pátria tem total segurança. Abre-se para ela uma era de esplêndido desenvolvimento. O Marechal Estaline ficará na história da eternidade como o homem que uniu as terras ucranianas. Todos os ucranianos ocidentais agradecem-lhe com a máxima cordialidade. Nunca seremos capazes de pagar suficientemente a dívida moral que contraímos com a União Soviética. Também Nikita Khrushchev, Presidente do Conselho do Comissariado do Povo ucraniano, merece a nossa gratidão pelo seu papel na unificação da Ucrânia. (…) Temos total confiança no Governo soviético. Queremos trabalhar para o bem desta terra ortodoxa»[6].
 
É um título de glória para o clero ucraniano que, apesar das pressões, das ameaças e das torturas, apenas quarenta e dois sacerdotes tenham aderido oficialmente ao Grupo do Padre Kostelnyk, enquanto centenas morreram em campos de concentração[7]. Pouco depois, todos os bispos católicos foram condenados por um tribunal secreto[8]. Na situação de sede vacante, o cónegos da Catedral de Lviv elegeram um vigário capitular, que foi imediatamente preso. Idêntica sorte recaiu sobre o seu sucessor.
 
Mons. Slipyj foi o único bispo a sobreviver às torturas comunistas, também porque muitos se sacrificaram para que permanecesse vivo como símbolo da resistência católica. Após dezoito anos de trabalhos forçados cruéis, foi libertado em 1963. Só mais tarde se soube que a sua libertação tinha sido acordada directamente com a Secretaria de Estado do Vaticano, que aceitou todas as condições do Kremlin, incluindo que Mons. Slipyj (desconhecedor do acordo) não regressasse mais à Ucrânia e não falasse contra o comunismo[9].
 
Entretanto, a perseguição anticatólica na Ucrânia intensificou-se. Todos os mosteiros e conventos católicos foram encerrados e todas as igrejas foram transferidas sob a autoridade do “Patriarcado” de Moscovo. A 1 de Janeiro de 1948, a agência noticiosa soviética Tass publicou um comunicado declarando que a Igreja Católica Ucraniana «tinha deixado de existir»[10]. Por ironia do destino, também muitos sacerdotes que haviam aderido ao “Grupo de Acção” foram mortos pelos comunistas[11].  
 
A Igreja do silêncio   
 

Pouquíssimos sacerdotes apostataram passando para a igreja ortodoxa. A maioria entrou na clandestinidade, formando o que mais tarde se chamaria a “Igreja do silêncio”. A maioria dos cinco milhões de católicos permaneceram fiéis a esta Igreja das catacumbas[12]. Malgrado o risco premente, a Igreja das catacumbas continuou a administrar os sacramentos e a celebrar a Missa. Calcula-se que, na clandestinidade, foram ordenados mais de trezentos sacerdotes e consagrados alguns bispos. A Igreja das catacumbas atraía o respeito até mesmo de alguns sacerdotes ortodoxos. Vários foram punidos por terem escondido padres clandestinos[13]. Isto preocupava muito os senhores do Kremlin. Havia também comunidades religiosas clandestinas, sem falar dos encontros de oração em casas particulares, ou das reuniões secretas nos bosques e nas montanhas para rezar o Rosário ou as Vésperas[14]. Se tivessem sido descobertas, teriam sido ipso facto deportadas para a Sibéria. Ainda hoje [1977, n.d.r.], centenas de milhares de ucranianos estão a apodrecer nas prisões soviéticas[15].

Fonte: Tradizione, Famiglia, Proprietà (originalmente escrito em 1977) 

Notas:   
[1] Vasyl Markus, The Soviet Government and the Ukrainian Catholic Church, La Salle College, Philadelphia 1976, pp. 20-34.

[2] P. John Mowat, The Vatican and the Silent Church, La Salle College, Philadelphia 1976, pp. 70-87.

[3] Ulisse Floridi, S.J., Mosca e il Vaticano, Casa di Matriona, Milano 1976, p. 275.

[4] Vasyl Markus, Religion and Nationality – the Uniates and Ukraine, University of Toronto Press, Toronto 1975, p. 105.

[5] Bohdan Bociurkiw, The Uniate Church in the Soviet Ukraine, Canadian Slavonic Papers, Toronto 1965, pp. 89-113.

[6] Eastern Catholics Under Soviet Rule, Sword of the Spirit, Londres 1946, pp. 54-59.

[7] Ibid., p. 35.

[8] Analecta OSBM, White Book on the Religious Persecutions in Ukraine, Rome 1953.

[9] Norman Cousins, The Improbable Triumvirate, Norton Co., New York 1972, p. 29. Cfr. também Ulisse Floridi, S.J., op. cit., p. 278.

[10] Kurt Hutten, Iron Curtain Christians, Augsburg Co., Minneapolis 1967, p. 31.

[11] Ibid., p. 6

[12] A. Monterati, II Cristo Distrutto, Famiglia Cristiana, Abril de 1972.

[13] Bohdan Bociurkiw, Religion and Atheism in the USSR and Eastern Europe, University of Toronto Press, Toronto 1975.

[14] Russia Cristiana, Milano, vol. XVI, n. 143, 1975, p. 56.

[15] Yaroslav Bihun (organizado por), Boomerang – The Works of Valentyn Moroz, Baltimore 1974, pp. 48-61.

Parte III

Paulo VI com o patriarca Atenágoras (1886-1972) da igreja cismática russa, cúmplice do regime comunista soviético. O pontificado de Paulo VI foi muito marcado pela «Ostpolitik», como então se chamava à política de aproximação do Ocidente ao comunismo do bloco soviético. O Vaticano alinhou nesta política de «boa-vontade» que jamais teve reciprocidade para alcançar a liberdade religiosa dos católicos em estados comunistas. Referindo-se aos católicos ucranianos das catacumbas, escreveu nessa época o jornal «The Ukranian Herald»: «A única coisa que não compreendemos é por que o Vaticano esqueceu parte ucraniana do seu rebanho maltratado por lobos ferozes».

Obstáculos e silêncios. O papel do Vaticano
 

No ensaio A liberdade da Igreja no Estado comunista[1], Plinio Corrêa de Oliveira demonstra como, mesmo se um Estado comunista permitisse à Igreja a liberdade de administrar os sacramentos, seria imoral estabelecer uma relação com esse. A doutrina católica sobre a família e a propriedade privada faz parte do depositum fidei, e não é lícito à Igreja permanecer em silêncio sobre estas questões face aos erros do comunismo.
 
Até ao início dos anos sessenta, o Vaticano alertava frequentemente os fiéis contra os erros do comunismo, chegando a condenar explicitamente a táctica da “coexistência pacífica”. Em 1945, o Papa Pio XII escreveu a encíclica Orientales omnes Ecclesias sobre a triste situação da Igreja na Ucrânia. Por ocasião dos mil anos do baptismo de Santa Olga de Kiev, dirigiu uma memorável Carta Apostólica a Mons. Slipyj, ainda na prisão, protestando contra a perseguição soviética. Por seu lado, o Kremlin, o Partido Comunista da União Soviética e o “Patriarcado” de Moscovo responderam atacando o Vaticano e a Igreja Católica. Isto mudou radicalmente com o advento de João XXIII e o aviamento da Ostpolitik.
 
Para avaliar correctamente a Ostpolitik, é importante ter em mente as palavras do “Patriarca” de Moscovo Aleksej: «A Igreja Ortodoxa Russa apoia plenamente a política externa do nosso governo». Abundam as citações neste sentido da parte da liderança da IOR[2]. Falando ao Conselho Ecuménico de Igrejas, em Genebra, Pimen, sucessor de Aleksej, atacou duramente aqueles que criticavam a URSS, classificando-os como «cegos aos méritos do sistema socialista». Acrescentou que os males que afligiam o homem moderno estavam conspicuamente ausentes do sistema soviético[3].
 
Em 1961, o clima começou a mudar. O líder russo Nikita Khrushchev enviou uma mensagem ao Papa João XXIII por ocasião do seu 80.º aniversário. A 7 de Março de 1963, o Pontífice recebeu Alexis Adjubei, genro de Khrushchev, em audiência no Vaticano. O então bispo, mais tarde cardeal, Johanes Willebrands, começou a preparar a participação dos bispos moscovitas no Concílio Vaticano II. Vários autores observam que esta participação foi aceite na condição de o Concílio não condenar o comunismo[4].
 
Por sugestão de Plinio Corrêa de Oliveira, em 1965, D. Geraldo de Proença Sigaud e D. António de Castro Mayer apresentaram ao Concílio uma petição, assinada por 454 Padres Conciliares, pedindo a explícita condenação do comunismo. O pedido foi simplesmente silenciado numa gaveta e nunca foi posto à votação[5]. Por outro lado, durante a Conferência Pan-Ortodoxa de Rodes, os próprios ortodoxos confessaram que Moscovo tinha definido como conditio sine qua non o silêncio do Concílio sobre o comunismo[6]
 
Este foi o início de uma longa lista de concessões unilaterais por parte do Vaticano, no que viria a ser uma das vitórias mais impressionantes do comunismo soviético. Durante todo este tempo, Roma não disse uma única palavra a favor dos católicos uniatas ucranianos, que continuavam a ser brutalmente perseguidos pela sua lealdade… a Roma.
 
Nikodim, metropolita ortodoxo de Leninegrado, teve o descaramento de declarar, contra todas as provas: «Na URSS, os crentes têm os mesmos direitos que todos os cidadãos». Num encontro ecuménico, em Leninegrado, sobre o “Pensamento social católico”, disse: «Hoje, a Igreja Católica aceita a forma de propriedade colectiva proposta pelo socialismo soviético»[7]. Parece claro que a URSS tinha interesse em favorecer a Ostpolitik, vendo-a como um instrumento para a difusão do pensamento socialista entre os católicos. 
 
Depois do Concílio, os contactos entre o Vaticano e a IOR intensificaram-se. Sob os auspícios do Papa Paulo VI, realizou-se, em 1975, um encontro ecuménico em Trento, em que participou Nikodim, na conclusão do qual foi assinada uma Declaração conjunta que equivalia a um apelo aos católicos para abraçarem o socialismo[8]. Pouco tempo depois, Paulo VI autorizou a celebração de uma liturgia ecuménica no túmulo de São Pedro, presidida pelo próprio Nikodim[9].
 
Em 1971, Pimen foi eleito “Patriarca” de Moscovo. Na cerimónia de instalação, na presença do Cardeal Willebrands, falou em tom vitorioso, reiterando que Moscovo exigia a abolição definitiva da União de Brest e «o triunfante regresso dos uniatas à Igreja Ortodoxa». Willebrands, representante oficial do Papa Paulo VI, não levantou nenhuma objecção, nem houve qualquer protesto da Secretaria de Estado. Foi um claro exemplo de silêncio-consentimento.
 
Um outro facto clamoroso foi o tratamento reservado, em Roma, em 1972, a Mons. Vasyl Velychkovsky, bispo ucraniano consagrado na clandestinidade e nomeado, por João XXIII, Bispo Auxiliar de Lviv dos Ucranianos. Após anos passados nas prisões soviéticas, onde foi torturado de modo selvagem, foi libertado por motivos de saúde. Indo ao Vaticano, foi tratado como um simples sacerdote. Até o Osservatore Romano se referiu a ele como Padre Velychkovsky. Hoje sabe-se que Mons. Velychkovsky foi descoberto, preso e encarcerado através da intervenção directa de Filarete, exarca ortodoxo da Ucrânia, sem qualquer protesto por parte do Vaticano. Evidentemente, não se queria arranhar a Ostpolitik com Moscovo[10].
 
Em 1971, Filarete presidiu, em Kiev, às celebrações para comemorar a “abolição” das Uniões de Brest e de Uzhhorod. Algumas semanas depois, celebrações semelhantes foram realizadas em Zagorsk (uma espécie de Vaticano da IOR, perto de Moscovo). Perspectivava-se o rápido desaparecimento da Igreja Católica na Ucrânia. Por ironia sardónica, foi em Zagorsk que se realizou, em 1973, um encontro ecuménico entre a igreja russa e o Vaticano sobre o tema “A Igreja num mundo em transformação”. Nem uma palavra sobre os católicos ucranianos… 
 
Desenvolveu-se uma verdadeira subjugação psicológica da Ostpolitik vaticana ao Kremlin, em detrimento da Igreja Católica na Ucrânia. Um exemplo característico foi o memorando escrito, em 1971, pelo Padre Paul Mailleux, da Congregação para os Ritos Orientais e Reitor do Pontifício Colégio Russicum, em Roma, em que se declarava contra a erecção de um Patriarcado católico em Kiev, porque «isto poderia ser considerado uma ingerência hostil nos assuntos internos da URSS»[11]. Entretanto, a polícia italiana descobriu uma rede de espionagem soviética no próprio interior do Pontifício Colégio Russicum. O Vaticano interveio rapidamente e o caso foi encoberto[12].
 
Este zelo por parte do Vaticano para não irritar Moscovo não foi, contudo, correspondido pelo outro lado. Por exemplo, em 1969, a Basílica de Santa Sofia, na Via Boccea, em Roma foi consagrada na presença do Cardeal Josyp Slipyj. O metropolita de Leninegrado, Nikodim, foi a Roma, afirmando, já à chegada, que este acto era «contrário ao diálogo ecuménico» e «não deve ser repetido». Na mesma ocasião, reiterou a posição do “Patriarcado” de Moscovo: a Igreja Greco-Católica Ucraniana deveria ser eliminada[13].

Agindo nesta lógica, a IOR estabeleceu um vicariato metropolitano de Kiev para “governar” as paróquias ucranianas no Canadá e nos Estados Unidos, uma clara interferência dos russos nos assuntos internos das Igrejas no Ocidente[14]. Também significativo a este respeito foi o pedido do “Patriarca” Pimen ao Governo Federal alemão para reconhecer as igrejas ortodoxas existentes no território da Alemanha Ocidental como propriedade do Estado soviético[15].

Papa Francisco abraça o patriarca cismático Kirill no encontro de Havana, em 2016. Seguindo o mesmo rumo do seu pontífice preferido, também o Papa Francisco tem sido um continuador da «Ostpolitik», não hesitando em ir a um país comunista celebrar acordo com um chefe religioso comprometido com um «novo regime» que em nada mudou o nível de intolerância para os católicos e que considera a Ucránia como «território canónico» da Rússia. (Foto: Herald Malasya Online)

A subserviência do Vaticano a Moscovo, disposto a sacrificar a Igreja Católica ucraniana no altar da Ostpolitik, escandalizava até mesmo a imprensa laica. A própria revista Newsweek escreveu: «O Vaticano parece determinado a sacrificar cinco milhões de católicos de rito ucraniano na União Soviética»[16].
 
Multiplicaram-se os contactos amigáveis entre o Vaticano e a IOR. A 13 de Julho de 1975, por exemplo, pouco depois de receber o ministro soviético Andrei Gromyko, Paulo VI recebeu calorosamente Nikodim, através do qual estendeu saudações a “Sua Santidade o Patriarca de Moscovo”, Pimen [17].
 
Por outro lado, o Vaticano procurou criar constantemente obstáculos à vida interna da Igreja Católica Ucraniana no Ocidente, citando alegadas vantagens que os russos concederiam em troca. Quem também pagou a fatura foi o Cardeal Slipyj, prejudicado por constantes obstáculos ao seu trabalho pastoral. Mais de uma vez, o Vaticano chegou ao ponto de o proibir de sair de Roma para visitar as suas ovelhas noutros Países, como se fosse um prisioneiro.
 
Esta trágica situação é também sentida pelos fiéis das catacumbas. Escreve The Ukranian Herald, que recolhe informações clandestinas: «Relatamos frequentemente exemplos de iniquidades perpetradas pelo regime contra os fiéis católicos de Lviv. O mesmo acontece em toda a Ucrânia Ocidental. A única coisa que não compreendemos é porque é que o Vaticano esqueceu parte ucraniana do seu rebanho maltratado por lobos ferozes»[18]. Curiosamente, muitos ortodoxos ucranianos mostraram simpatia para com os uniatas e apoiariam a constituição de um Patriarcado.
 
Com a Ostpolitik, a perseguição aos católicos ucranianos aumentou ainda mais. Informava, em 1969, o jornal clandestino The Chronicle of Current Events: «O número de sacerdotes presos e maltratados pela polícia aumentou muito. Estão previstas penas de prisão severas para qualquer pessoa que assista a uma Missa católica uniata». Numa reunião da IOR, o metropolita Filarete pediu ao governo soviético “medidas mais eficazes” para eliminar os restos da Igreja Católica na Ucrânia[19]. Numa reunião do Politburo do Partido Comunista da Ucrânia, o líder Valentin Malanchuk (mais tarde Secretário-Geral) lamentou-se de que a Igreja Católica uniata ainda não tinha sido completamente extinta [20].
 
Um leão grita no deserto     
 

A Santa Igreja Católica e a Ucrânia têm um digno paladino na pessoa do Cardeal Josyp Slipyj. Após um longo silêncio que lhe foi imposto pelo Vaticano, o prelado decidiu falar. No Sínodo dos Bispos, em Roma, em 1971, declarou: «Os católicos ucranianos, que já sacrificaram montanhas de corpos e derramaram rios de sangue pela Fé Católica e pela sua fidelidade à Santa Sé, estão mesmo agora a sofrer uma terrível perseguição. Mas o que é pior é que não são defendidos por ninguém. Milhares e milhares de pessoas foram mortas. Outras foram deportadas para as regiões polares da Sibéria. Agora, porém, devido às negociações e à diplomacia, os católicos ucranianos, mártires e confessores, são postos de lado como testemunhas incómodas. Nas cartas e comunicações que recebo, os fiéis queixam-se: “Por que sofremos tanto? Onde está a justiça? A diplomacia eclesiástica rotulou-nos como impedimentos. O Cardeal Slipyj não faz nada pela sua Igreja!”. E eu respondo: o que é que posso fazer? Quando Pimen, o patriarca de Moscovo, declarou abertamente, num sínodo, que a União de Brest tinha sido anulada, nenhum dos delegados vaticanos presentes protestou»[21].
 
Um apelo ao Ocidente         
 

Até agora, o Ocidente foi como um vasto deserto em que os gritos dos mártires ucranianos ressoaram em vão. Esta indiferença deve cessar. Os povos ocidentais têm a grave responsabilidade de se oporem ao comunismo. Uma análise atenta mostra que as nações prisioneiras, como a Ucrânia, constituem um elemento-chave naquela que é verdadeiramente uma luta global. Estas nações são o calcanhar de Aquiles do comunismo. Todavia, para os católicos, a questão da consciência é muito mais grave do que os problemas políticos. Os católicos têm a obrigação de ajudar os irmãos mártires por detrás da Cortina de Ferro.
 
Tendo em conta o clamoroso silêncio de Roma, fazemos um apelo à opinião pública ocidental, e em particular à opinião pública católica, para protestar contra o que está a acontecer na Ucrânia. Da atitude da opinião pública ocidental dependerá o futuro da Ucrânia e do mundo.
 
«Através de ti, minha Ruténia, espero converter o Oriente». Assim falou a Roma Católica, a Roma dos Santos e dos Mártires, a Roma eterna, pela boca do Papa Urbano VIII no acto de beatificação de São Josafat[22]. Rezemos pelos nossos irmãos ucranianos com as palavras de São Luís Maria Grignion de Montfort na Oração Abrasada: «A vossa divina lei é transgredida, o vosso Evangelho desprezado, abandonada a vossa religião; torrentes de iniquidade inundam toda a terra e arrastam até os vossos servos, a terra toda está desolada. Desolatione desolata est omnis terra; a impiedade está sobre um trono; o vosso santuário é profanado e a abominação chegou até ao lugar santo. Deixareis tudo assim ao abandono, meu justo Senhor, Deus das vinganças? Será que, no fim, tudo se tornará como Sodoma e Gomorra? Ficareis calado para sempre? Tudo continuareis a suportar para sempre? Acaso não há-de ser feita a vossa vontade, assim na terra como no céu, e não há-de vir o vosso reino? Acaso não mostrastes já antecipadamente a alguns dos vossos amigos uma futura renovação da vossa Igreja? Não se devem os Judeus converter à verdade? Não é isto que a Igreja aguarda? Não vos gritam todos os santos do céu: justiça, vindica? Não vos dizem todos os justos da terra: amen, veni, Domine? Todas as criaturas, até as mais insensíveis, gemem sob o peso dos inumeráveis pecados da Babilónia e pedem a vossa vinda para que todas as coisas sejam restabelecidas».

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Fonte: Tradizione, Famiglia, Proprietà (originalmente escrito em 1977)
 
Notas:

[1] Plinio Corrêa de Oliveira, La libertà della Chiesa nello Stato comunista, Il Tempo, Roma, 1963.

[2] H. Hoffman, “Comment les Chefs d’Églises préfèrent Cesar à Dieu”, Catacombes, n. 28, Janeiro de 1974.

[3] The New York Times, 18 de Setembro de 1973.

[4] Isto, que na altura do presente artigo (1977) era apenas uma hipótese, está agora plenamente demonstrado. Trata-se do Acordo de Metz, entre a Santa Sé e a igreja ortodoxa russa, assinado a 13 de Agosto de 1962, que comprometia a Igreja a não condenar o comunismo em troca da participação de bispos “ortodoxos” no Concílio.

[5] Gianfranco Svidercoschi, Storia del Concilio, Milano 1967, pp. 601-607.

[6] Georges Dejaifve, Civilità Cattolica, vol. IV, 1964, pp. 461-462.

[7] Catacombes, Maio de 1972.

[8] Ulisse Floridi, S.J., Mosca e il Vaticano, pp. 291-292.

[9] The Brooklyn Tablet, 17 de Julho de 1975.

[10] Vasyl Markus, Religion and Nationality – the Uniates of Ukraine, p. 110.

[11] Ulisse Floridi, S.J., op. cit., p. 293.

[12] Daria Kuzyk, Religious Genocide, Society for the Patriarchate, Londres 1976, p. 70.

[13] Eva Piddubechesen, And Bless thy Inheritance, Eric Hugo Co., Schenectady, N.Y. 1970, pp. 48-49 .

[14] Bohdan Bosiurkiw, “The Orthodox and the Soviet Regime in Ukraine,” Canadian Slavonic Papers, vol. XIV, n. 2, Toronto 1972, pp. 191, 211.

[15] “Manifesto of the Orthodox Action  Movement in Western Europe,” Catecombes, n . 32, 15 de Maio de 1974.

[16] Newsweek, 6 de Dezembro de 1971.

[17] L’Osservatore Romano, 4 de Julho de 1975.

[18] The Ukrainian Herald, n. 7-8, p. 159.

[19] “Die Ukrainische Kirche lebt”, Der Fels, Regensburg, n. 5, 1972, pp. 146- 149.

[20] Svoboda, Jersey City, 14 de Junho de 1975.

[21] Vistiy Rymu, Rik 9, n. 16-17, Roma Dezembro de 1971.

[22] Miroslav Zabunka e Leonid Rudnytzky, The Ukrainian Catholic Church: 1945-1975, p. 9.

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