Enquanto outros elevavam ao céu prodigiosas catedrais, São Tomás edificou, com a mesma lógica simples e poderosa, um sistema filosófico incomparavelmente rico e uno. Testemunho das últimas lutas entre o Sacerdócio e o Império, observador certamente atento do autocratismo tirânico dos césares alemães, bem como do reinado benevolente de Luís IX, vivendo numa família religiosa, numa universidade e numa sociedade ardorosamente ciosas das suas liberdades e dos seus privilégios, teve oportunidade de meditar sobre as vantagens e as desvantagens das organizações sociais e políticas do seu tempo.
Neste meio turbulento e móvel como um oceano em fúria, ele apresenta-se sereno e tranquilo. A sua virtude, a sua calma, a sua reserva e a sua humildade ribombam sobre o escuro pano de fundo onde se adivinham os tumultos dos vícios, os clamores da inveja, os arrebatamentos do orgulho. Silencioso no claustro, anima-se quando ensina. Por vezes irónico, raramente colérico nos escritos de polémica, sempre contido nas discussões, participa em todos os combates de ideias do seu tempo, afirma-se como um cavaleiro sem medo e não sai da luta nem vencido nem apoucado. Repensa Aristóteles e Santo Agostinho, sem se submeter a nenhum deles, porque procura a Verdade. E, tendo-a encontrado, liga-se a ela e adora-a, porque reconhece nela a majestade e a felicidade de Deus.
Autor: Edgar de Bruyne
Onde comprar: Editora Caminhos Romanos
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