
São Calisto nasceu provavelmente no ano de 155 d.C., tendo reinado como Papa entre 217 e 222.
Era romano de Trastevere , em cuja igreja de Santa Maria se encontra sepultado, não nas catacumbas que levam seu nome, como por vezes se crê.
Sendo filho de escravos, Calisto não teve vida fácil.
Por encargo do cristão Carpófaro, parente do imperador Cómodo, recebeu a incumbência de administrar os bens da comunidade cristã, mas como não tinha perfil para esse ofício, deixou um grande desfalque a descoberto e viu-se na contingência de ter que fugir.
Capturado em Óstia, foi condenado a fazer girar a roda de um moinho, até que o seu amigo Carpófaro, mostrando-se generoso, tentou comutar-lhe a pena para o pagamento do débito que tinha deixado a descoberto. A justiça, porém, seguiu o seu curso e Calisto foi condenado à flagelação e em seguida deportado para trabalhar nas minas da Sardenha.
Libertado, o Papa Vítor ocupou-se pessoalmente dele, sinal de que Calisto desfrutava de alguma boa reputação, apesar daquele furto. Para lhe evitar a tentação, o Pontífice fixou-lhe um ordenado, sendo a mesma política seguida pelo seu sucessor – o Papa Zeferino – que se mostrou igualmente generoso com ele, ordenando-o diácono e confiando-lhe a guarda do cemitério cristão na via Ápia Antiga (as célebres catacumbas conhecidas em todo o mundo por esse nome).
É aí, numa área de 400 por 300 metros, em quatro pavimentos sobrepostos, com 20 quilómetros de corredores, que estão guardados os corpos de numerosos cristãos, entre eles os de Santa Cecília e de São Fabiano.
Quando em 217 o diácono Calisto foi eleito Papa, explodiu a primeira rebelião aberta de um grupo de cristãos «rigoristas», movidos pelas precedentes e bem notórias desventuras de Calisto, mas principalmente por causa da sua atitude conciliadora para com certo grupo de pecadores arrependidos, ou seja, para com aqueles cristãos pouco dispostos ao martírio e que, sob coacção, tinham consentido em prestar culto aos deuses pagãos, sendo por isso «certificados» pelo Imperador Decius com um documento de fidelidade chamado libellum.
Passada a perseguição, esses cristãos pediam para voltar à Igreja. O Papa Calisto acolheu-os, mas os seus inimigos – entre os quais se destacavam Tertuliano, Novaciano e Hipólito – atacaram-no violentamente e, com base nos seus «Philosophumena», conseguiram a sagração episcopal de Hipólito. Mais tarde, um grupo de padres romanos dissidentes, chegou a elegê-lo papa.
Esse foi o primeiro antipapa da história e também caso único de conversão após tão grave desvio. Com efeito, arrependeu-se e sofreu o martírio na Sardenha, no ano de 235 ou 236. Foi canonizado e é conhecido como Santo Hipólito de Roma, tendo a Igreja estabelecido a sua festa litúrgica para 13 de Agosto.
Martirizado foi também o Papa Calisto, não por ordem do imperador romano, mas por causa de um tumulto ocorrido em Todi.
Os cristãos, não conseguindo chegar até às catacumbas da Via Ápia Antiga, sepultaram-no na Via Aurélia, de onde Gregório III o transferiu para a basílica de Santa Maria, em Trastevere. A sua festa litúrgica celebra-se a 14 de Outubro.