O pai de Inácio de Loyola era um nobre espanhol de sólidos princípios católicos, tendo encaminhado o seu filho para a carreira eclesiástica. Aos 14 anos Inácio recebeu a tonsura, mas tinha em mente a vida de cavaleiro, abraçada pelos irmãos mais velhos. O pai fez-lhe a vontade confiando-o a um nobre cavaleiro em cuja companhia passou uma alegre juventude, entre exercícios de caça e torneios. A sua cultura foi extraída dos livros dos «Cancioneros». Passou mais tarde para o serviço do vice-rei de Navarra, combatendo contra os franceses na defesa do castelo de Pamplona, onde foi atingido numa perna por um projéctil de canhão.
Para passar o tempo, durante a longa convalescença, leu a «Vita Christi» e a «Legenda Aurea Sanctorum». Inspirado nos exemplos que lia, decidiu buscar a santidade. Era o ano de 1521. A partir desse momento — é ele próprio quem o conta — «nunca mais deu o menor consentimento às coisas da carne».
Enquanto se propunha seriamente converter-se, apareceu-lhe numa noite Nossa Senhora com o seu Divino Filho, o que ainda mais inflamou o seu zelo pela Fé. Começou com uma peregrinação ao santuário de Nossa Senhora de Montserrat. «Per Mariam ad Iesum»: tomou, então, a estrada-mestra rumo à perfeição cristã. Despiu as vestimentas luxuosas e depôs a espada como ex-voto aos pés da Virgem.
Durante um ano deteve-se em Manresa, dando assistência aos enfermos. Depois, mendigando pão e abrigo, fez uma peregrinação a Roma. A seguir, dirigiu-se a Veneza e daí embarcou para uma longa peregrinação à Terra Santa. Ao retornar, retomou os estudos de gramática, sendo admitido na Universidade de Paris.
Aí conheceu um grupo de jovens ardorosos – entre eles Francisco Xavier com quem fez, em 1534, os votos de pobreza e castidade. Viajaram juntos para Roma onde receberam a ordenação sacerdotal. Nesses anos, Inácio estava a concluir os «Exercícios Espirituais», livro que Pio XI definiria como «o código espiritual mais sábio e universal para dirigir as almas…».
Em Roma teve a inspiração divina de fundar a Companhia de Jesus, aprovada pelo Papa Paulo III em 1540. Enquanto o estandarte da Companhia se irradiava pelas missões que ia estabelecendo pela Europa e pela Ásia, Inácio de Loyola empenhava-se em grandes empreendimentos, como a criação do Colégio de Roma (futura Universidade Gregoriana), para fazer da cidade pontifícia o centro dos estudos teológicos e filosóficos destinado a dar maior glória a Deus – «ad maiorem Dei gloriam» – que era aliás o seu mote. Santo Inácio comandou a sua Companhia até à morte, ocorrida em Roma, a 31 de Julho de 1556. Foi canonizado em 1622.
Santo Inácio de Loyola ficou bem conhecido pelo seu espírito pugnaz, pela sua penetração política, psicologia finíssima e exímia capacidade em pregar os seus famosos Exercícios Espirituais.
Luís de Magalhães Taveiro