
Foi há 80 anos, a 27 de Janeiro de 1945, que os soviéticos entraram no campo de concentração de Auschwitz, pondo fim ao domínio nazista. Foi impressionante o número das autoridades que participaram nas celebrações desse aniversário, ocorrido no campo de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, a 27 de Janeiro deste ano (2025). Havia representantes de 40 países, entre eles os Reis da Inglaterra, da Espanha e da Holanda, o Presidente da França, o Chanceler da Alemanha e outras destacadas autoridades.
Se é verdade que eram maioritariamente judeus os prisioneiros que morreram em Auschwitz (mais de um milhão), não deixa também de ser verdade que havia numerosos católicos, sendo estes os grandes esquecidos da tragédia. E não eram poucos. Dos 400.00 prisioneiros registrados e cujos nomes são conhecidos (a imensa maioria das vitimas não foi sequer registada), cerca de metade era composta por católicos, havendo 32 mil neste campo de concentração (1).
Entre estes mortos católicos, já existe um bom número de canonizados, beatificados ou em processo de beatificação. Os dois canonizados são os mais conhecidos: São Maximiliano Kolbe (franciscano) e Santa Edith Stein (Carmelita), mas há muitos outros menos conhecidos.
Dos 108 mártires polacos beatificados por Jõao Paulo II em 1999, pelo menos 13 morreram em Auschwitz (2). Existe ainda outro processo de beatificação de 122 religiosos e leigos que morreram em campos de concentração nazis, alguns em Auschwitz (3). Há ainda outros processos de beatificação de mártires assassinados nesse infame campo da morte.
Os religiosos católicos eram especialmente descriminados em Auschwitz. Pejorativamente chamavam-lhes Pfaffen (padrecos) e a eles eram atribuídos os piores trabalhos (4). Eram tratados com requintes de crueldade pelos guardas, que freqüentemente soltavam os cães para atacá-los e mordê-los, o que aconteceu várias vezes com São Maximiliano Kolbe.
Nas visitas guiadas a Auschwitz só se faz referência à morte dos judeus, mas não há qualquer alusão aos judeus que se converteram ao catolicismo e que ali morreram, como foi o caso de Santa Edith Stein. Também merecem especial destaque os irmãos Löb, Jorge, Ernesto e Roberto, filhos de pai e mãe judeus, convertidos ao catolicismo. Os três professaram como monjes trapistas e foram deportados para Auschwitz como retaliação ao protesto dos bispos católicos da Holanda contra os crimes nazis (5). Além deles há mais católicos de origem judaica que têm processo de beatificação e que morreram nesse campo de concentração (6).
Infelizmente esses heróis são sistematicamente ignorados em nome do falso conceito de ecumenismo que assolou os meios eclesiásticos, levando sacerdotes e bispos a esquecer que a maior caridade consiste em levar as pessoas a praticar a verdadeira Fé e não a aceitar um panteísmo de credos e doutrinas que se contradizem entre si.
Valdis Grinsteins
Notas:
- https://www.auschwitz.org/en/museum/news/which-religious-denominations-did-the-people-deported-to-auschwitz-belong-to,109.html
- https://en.wikipedia.org/wiki/108_Martyrs_of_World_War_II
- https://wilnoteka.lt/artykul/auschwitz-birkenau-swieci-i-blogoslawieni
- https://www.catholicregister.org/archive/item/31028-new-research-details-catholic-inmates-at-auschwitz
- https://catholicstand.com/the-jewish-family-lob-and-their-seven-christian-martyrs/
- http://newsaints.faithweb.com/new_martyrs/Jewish_Catholics.htm