O satanismo mostra-se cada vez mais claramente ( IV)

17 Junho 2025

A Irmã Maria Laura Mainetti (1939-2000), foi assassinada por três satanistas a 6 de Junho de 2000. Morreu pedindo a Deus que perdoasse às assassinas, sendo beatificada 21 anos depois, na mesma data (6-6-2021).

Valdis Grinsteins

A Europa Ocidental, região do mundo onde o Catolicismo penetrou mais profundamente, é hoje uma das mais indiferentes à religião. A grande maioria dos antigos católicos desinteressou-se da religião, pensando que poderia viver num mundo de prazeres materiais. Mas o mundo material não trouxe os sonhados prazeres, dando lugar a um estado de desilusão e apostasia.

Por outro lado, o ensino secular da lógica levou os europeus a procurar verdades filosóficas que justificassem o que fazem ou deixam de fazer. É por isso que encontramos aqui um satanismo mais refinado e doutrinário, embora o demónio prefira geralmente um satanismo mais selvagem e menos intelectual, porque a inteligência ainda é um reflexo de Deus e o diabo quer ver o homem reduzido a um animal que não age pela inteligência.

Nos Estados Unidos, o satanismo baseia-se geralmente na ideia de que Satanás pode dar-nos poder ou prazer e por isso é adorado. Na Europa, as razões do satanismo são muito mais complexas. Para analisar a situação europeia, tomemos a Itália, onde o satanismo é comum e geralmente muito doutrinário. Na Itália, ser satanista já não constitui violação da lei, uma vez que o artigo 18º da Constituição garante a liberdade de culto. Os satanistas organizam-se livremente, mas como muitos violam a lei em certos pontos (profanação de cemitérios, por exemplo), a polícia tem uma secção especializada em seitas satanistas. De acordo com estudos (sobretudo do Professor Massimo Introvigne), existem 4 tipos de satanistas na Itália: racionalistas, ocultistas, toxicodependentes e luciferianos.

Para os satanistas racionalistas, Satanás é mais do que um ser religioso. É símbolo do mal e os seus seguidores têm uma visão hedonista do mundo, imoral e culturalmente anti-cristã. Para o satanismo oculto, a visão do mundo descrita na Bíblia é verdadeira. Eles aceitam a história da criação, a expulsão do paraíso e os anjos maus que se tornaram demónios ao serem expulsos do céu por rebelião. Estes satanistas simplesmente “mudam de lado” e colocam-se ao serviço do demónio. Para o satanismo de drogas ou “ácido” a doutrina é menos importante. Eles têm rituais baseados no uso de drogas, orgias, abuso psicológico e sexual. A adoração do demónio é simplesmente uma desculpa para o excesso e para a depravação. Finalmente os luciferianos professam doutrinas exóticas e para eles o diabo é objecto de adoração. Pensam que a Bíblia mente, que o homem descende de Eva e do diabo e que este foi castigado por Deus e por Adão, zangados pelo facto de o plano deles não ter resultado. Para estes satanistas, o demónio seria “o bom da fita”. E ajudá-lo a lutar contra Deus seria lutar pela justiça.

Um assassinato que exemplifica bem o tipo de satanismo praticado na Europa

Algumas pessoas acham que esses satanistas são muito intelectuais e pouco práticos, mas essa ideia não é verdadeira. Poucas pessoas conhecem os factos, mas já ocorreram na Europa assassinatos satânicos de padres e freiras. Há até figuras religiosas beatificadas pelo seu martírio nas mãos de satanistas, como é o caso da freira Maria Laura Mainetti.

Em sacrifício satânico perpetrado na noite de 6 de Junho de 2000 por três jovens adolescentes, foi morta à facada a religiosa Maria Laura Mainetti  (1939-2000), beatificada 21 anos mais tarde (6-6-2021) e reconhecida como mártir. Mainetti tinha 60 anos e era superiora de uma congregação (Irmãs da Cruz, na Itália) que socorria jovens delinquentes. As três raparigas, com idades entre os 16 e os 17 anos, atraíram Mainetti com um falso pedido de ajuda. Levando-a até um parque em área isolada, agarraram-na, apedrejaram-na e gritaram-lhe insultos antes de a golpearem à vez com uma faca de cozinha que uma delas trazia. Mainetti rezou enquanto era atacada, pedindo a Deus que perdoasse às raparigas antes de morrer com 19 golpes de faca.

O corpo da Irmã Maria Laura Mainetti foi descoberto na manhã de 7 de Junho de 2000. Três semanas depois, a polícia prendeu três raparigas, de 16 e 17 anos, como suspeitas do assassinato. As três, Ambra Gianasso, Milena De Giambattista e Veronica Pietrobelli, não tinham histórico de crime ou violência e vinham de famílias de classe média. Depois de uma testemunha ter dito à polícia que as tinha visto juntas a 6 de Junho, os telefones delas ficaram sob escuta até que,  numa ligação, duas delas discutiram o assassinato. Uma madeixa de cabelo pertencente a uma das raparigas foi encontrada na mão fechada de Mainetti.

Sob custódia, as jovens inicialmente disseram que mataram a irmã “por brincadeira” mas posteriormente revelaram que a mataram em sacrifício satânico. O seu objectivo prioritário consistia em matar o pároco, mas decidiram que Mainetti, que anteriormente lhes tinha ensinado catecismo, seria um alvo mais fácil. Uma das raparigas ligou para Mainetti contando que tinha sido estuprada, que estava grávida e que pretendia fazer um aborto. Então combinaram encontrar-se num parque às 22h00 do dia 6 de Junho. Depois de caminharem com Mainetti até ao parque, as jovens fizeram a irmã ajoelhar-se no chão e gritaram-lhe insultos. De Giambattista atingiu Mainetti com um tijolo, e Gianasso bateu-lhe repetidamente a cabeça contra uma parede. As três revezaram-se então no esfaqueamento. A intenção delas era desferir 18 golpes, seis por cada uma, de acordo com o número satânico “666”, mas acabaram por desferir mais um, “arruinando” o ritual.

Este foi o resultado “prático” de um ritual satânico que chocou a Europa mas que tinha de acontecer, mais tarde ou mais cedo, no Continente onde a Fé tem sido mais rejeitada e onde os valores do Cristianismo têm sido mais desdenhados.

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