
John Horvat
No decorrer da guerra na Ucrânia, têm circulado vários mitos que, no campo de batalha, causam mais dano do que drones e armas. São falsos mitos que têm como objectivo desencorajar a Ucrânia e diminuir o apoio do Ocidente.
Um desses mitos é o de que a opinião pública americana se opõe à guerra. Alguns meios de comunicação social conseguiram criar a impressão de que os americanos estão cansados da guerra e se ressentem do esforço necessário para apoiá-la.
Uma sondagem recente, porém, mostra que essa impressão é falsa. A maioria dos americanos apoia o direito da Ucrânia de se auto-defender contra a injusta guerra de agressão da Rússia.
Uma guerra diferente
Como em todas as guerras, toda a gente quer vê-las terminar. A actual invasão prolongou-se muito para além do que se esperava. No entanto, a maioria dos americanos não é a favor do fim da guerra a qualquer preço. As dramáticas imagens da retirada do Afeganistão continuam a assombrar o público. A maioria das pessoas não quer que as cenas trágicas dessa retirada se repitam agora com um súbito cancelamento da ajuda americana.
No entanto, a Ucrânia é diferente em muitos aspectos. Ao contrário de outras guerras em que os Estados Unidos tinham os pés no terreno, a guerra de auto-defesa da Ucrânia é travada apenas pelos próprios ucranianos, com alguma ajuda de voluntários estrangeiros. A Ucrânia não tem a ajuda de nenhum país como tem a Rússia com a Coreia do Norte, que enviou dezenas de milhares de homens para reforçar os seus contingentes. A Ucrânia não só já sobreviveu a três anos de guerra brutal contra o seu gigantesco vizinho como lhe tem infligido pesadas baixas. Improvisou, ousou e inovou com armamento e drones, conseguindo manter a Rússia à distância, até agora.
Nenhuma mudança de opinião
Algumas pessoas interpretam a mudança de apoio da Casa Branca à Ucrânia como indicador de uma mudança geral na opinião pública americana contra a guerra. No entanto, em recente sondagem encomendada pela Razom, nota-se que esta impressão negativa não reflecte o sentimento da nação como um todo, mesmo entre os eleitores republicanos.
Em Fevereiro, a empresa 1892 Polling fez uma sondagem a 2024 eleitores das primárias do Partido Republicano para conhecer a sua opinião sobre a Ucrânia. A ideia consistia em chegar aos principais eleitores republicanos mais fiéis.
Os resultados reflectem um amplo apoio ao país invadido. Uma maioria de 69% classificou a Rússia como o agressor no conflito. Cerca de 60 por cento apoiaram a continuação da ajuda militar sob determinadas condições. Quando se referiu que a Rússia já raptou 19.000 crianças ucranianas dos territórios que ocupou, esse apoio subiu para 71%.
Esmagadora aversão a Putin
A amostra da sondagem também representava a base mais fiel do Presidente Trump. De facto, entre os inquiridos, 83% têm uma opinião favorável sobre o Presidente e mais de metade (53%) identificaram-se como «republicanos de Trump».
Curiosamente, a sondagem revelou que os eleitores republicanos não gostam de Vladimir Putin na mesma proporção em que gostam do Presidente Trump, com esmagadora percentagem de 83%. A opinião que têm sobre Volodymyr Zelensky divide-se em 43% a favor e 45% contra.
Os eleitores também não têm dúvidas sobre quem começou a guerra. É esmagadoramente rejeitado o mito de que a expansão da NATO forçou a iniciativa de Putin.
Aos eleitores também se perguntou qual a proposição que melhor representava a sua opinião:
Se Putin lançou uma guerra não provocada para subjugar a Ucrânia ou se foi o argumento da expansão da NATO e a beligerância ucraniana que provocaram a guerra.
Os eleitores escolheram a primeira proposição por uma margem de 70% a 75%.
Além disso, o apoio à Ucrânia revelou-se popular entre os eleitores das primárias. Todos os membros republicanos da Câmara que votaram a favor da ajuda à Ucrânia em Abril de 2024 ganharam as suas primárias.
A Ucrânia foi prejudicada neste conflito e os americanos vêem-no claramente.
O facto é que a Ucrânia está a resistir corajosamente apesar de todas as adversidades. A intrépida nação pode continuar a resistir e chegar a vencer, desde que receba ajuda suficiente.
Da referida sondagem também se conclui que o povo americano simpatiza com os ucranianos. Dizer-se que os americanos estão cansados de apoiar a Ucrânia não tem fundamentação factual. A sondagem da Polling 1892 revela a verdade: a nação Americana considera a guerra de autodefesa da Ucrânia justa e digna de apoio.
Não é altura de recuar mas de fazer frente à intimidação de Vladimir Putin e à sua ideia de que «Poder equivale a Direito».
NR: A tradução desta matéria é da responsabilidade da nossa Redacção.
Fonte: American TFP