«O Portugal de hoje já não é nosso»

31 Julho 2021

Manuel Alegre, conhecido como desertor das Forças Armadas, foi um dos colaboradores da «Rádio Voz da Liberdade» (Argel) que era ouvida pelos movimentos terroristas que (entre 1961 e 1974) tentavam expulsar-nos das nossas Províncias Ultramarinas. Na acção subversiva que exercia através dessa rádio, Alegre passava «alegremente» ao inimigo informações sobre os movimentos da nossa tropa, possibilitando emboscadas que causaram a morte a vários dos seus compatriotas. Foi graças a este «lutador anti-fascista» que se construíram algumas das «grandes fortunas» dos «influentes e poderosos» de hoje… (Foto: ZAP/aeiou)

É pena que certas opiniões de antigos revolucionários e «lutadores anti-fascistas» tenham deixado de se ouvir, sobretudo desde que passámos a desfrutar de «amplas liberdades» e principalmente num momento em que tais opiniões teriam uma surpreendente actualidade. Veja-se, por exemplo, este comentário sobre a alegada dependência de Portugal em 1965:

«O terror imposto pelos monopolistas nacionais, ligados a imperialistas estrangeiros, colocou o nosso país numa posição humilhante de dependência perante esses mesmos estrangeiros. O Portugal de hoje já não é nosso. É daqueles poucos que sobre a miséria do nosso povo e de outros povos, exploram, constroem as grandes fortunas que os tornam influentes e poderosos. Esta é uma verdade que não receia desmentido. Esta é uma verdade que nos propomos continuar a demonstrar

É pena que não tenham continuado, sobretudo agora, quando é sabido que muitas das «grandes fortunas» de hoje estão precisamente nas mãos de «influentes e poderosos» com um passado «anti-fascista»…

As palavras transcritas foram difundidas pela «Rádio Voz da Liberdade» em 11 de Setembro de 1965, durante uma emissão dedicada ao tema «Portugal é um país dependente». Controlada por comunistas que se opunham ao regime de Salazar, esta rádio era um órgão da «Frente Patriótica de Libertação Nacional» (FPLN) que emitia a partir de Argel, entre 1964 e 1974.
O texto foi encontrado em pesquisa realizada pelo Tenente-Coronel Brandão Ferreira nos arquivos do Ministério da Defesa. [Leia mais em “O Adamastor“]

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