Carlos V, Sacro-Imperador Romano-Germânico e Rei de Espanha, frequentemente referido por historiadores como o homem mais poderoso da Europa no século XVI, foi o primogénito masculino (segundo filho) do casamento entre Joana de Aragão e Filipe, Duque da Borgonha
Carlos V, Sacro-Imperador Romano-Germânico e Rei de Espanha, frequentemente referido por historiadores como o homem mais poderoso da Europa no século XVI, foi o primogénito masculino (segundo filho) do casamento entre Joana de Aragão e Filipe, Duque da Borgonha.
Aos 16 anos, o príncipe já tinha uma educação primorosa. Além de falar o francês, sua língua materna, também aprendeu o alemão e mais tarde o espanhol. Um dos seus tutores, Adrian de Utrecht, viria a ser o Papa Adriano VI (1459-1523). Na ausência da mãe, a sua regente, Margarida de Áustria, foi para ele uma verdadeira figura materna.
Em 1516, quando foi aclamado Rei da Espanha, Carlos visitou a sua mãe para solenemente lhe solicitar permissão para reinar em Espanha. A Rainha Joana acedeu a todos os pedidos do filho mas continuou a viver encerrada e isolada em decorrência de uma suposta insanidade mental que também legitimava a entrega do trono ao seu herdeiro.
Ao tornar-se Imperador do Sacro-Império Romano-Germânico por herança paterna e Rei de Espanha por via materna, Carlos V ficou soberano de metade da Europa.
Esta elevadíssima posição e responsabilidade requeria, naturalmente, um casamento adequado. A sua primeira proposta de noivado recaiu sobre a princesa Maria de Inglaterra, filha de Henrique VII. Depois, esteve para chegar a um compromisso com duas das filhas de Francisco I de França que vieram a morrer prematuramente. Mais tarde chegou a comprometer-se formalmente com a herdeira de Henrique VIII de Inglaterra, futura rainha Maria I. Em 1526, contudo, ele acabou por se casar com a sua prima Isabel de Portugal, consumando uma união ibérica amplamente desejada pelas cortes castelhanas.
Conhecida como uma das mulheres mais belas e inteligentes do século XVI, Isabel de Portugal era a filha mais velha do casamento do Rei D. Manuel I com D. Maria de Aragão. Do casamento dela com Carlos V (Carlos I de Espanha) nasceram um filho e duas filhas. O filho viria a ser Filipe II, Rei de Espanha e Filipe I de Portugal (em 1580, dois anos após o desaparecimento de D. Sebastião em Alcácer-Quibir). Uma das filjhas, Maria, veio a ser Imperatriz do Sacro-Império e a outra, Joana, casou com o Infante D. João Manuel de Portugal, filho de D. João III. Foi deste matrimónio que nasceu El-Rei D. Sebastião.
A Imperatriz Isabel morreu em 1539 depois de um parto prematuro, deixando Carlos V profundamente abalado e enlutado para o resto da sua vida, a ponto de não querer casar novamente.
Carlos V foi um soberano vitorioso durante grande parte do seu reinado. Contudo, no final da vida lamentou amargamente uma omissão que se revelou desastrosa para a Igreja e para a Cristandade: Durante a Dieta de Worms (que ele próprio convocou) não exerceu o seu direito de dar ordem de prisão a Lutero, na ilusão de que o heresiarca se retrataria dos seus erros, o que nunca aconteceu, como é sabido.
Coroado a 23 de Outubro de 1520, na Alemanha, o Imperador Carlos V faleceu a 21 de Setembro de 1558. O seu lema pessoal permanece até hoje na bandeira de Espanha: «Plus Ultra» (Mais Além).
Luís de Magalhães Taveiro