
«Espero, sim, que estas páginas tenham interesse para os que se bateram nessa guerra que depois foi chamada de “inútil”; para os que lutaram para que nada do que aconteceu tivesse acontecido, para os que perderam o seu país e não tinham mais nada. E para aqueles mais jovens, que não vão conhecer um Portugal com futuro, uma pátria que podia ter sido grande e que, no rectângulo pequeno, partidocrático, obscuro, no eterno caciquismo onde só mudaram os caciques, hão de sentir a nostalgia dos grandes espaços, da aventura africana, de uma terra onde valia a pena viver.
«E que possam justificar um pouco o sacrifício dos órfãos, das viúvas, dos pais daqueles que se bateram e morreram no Ultramar Português, deixando nessas paragens hoje entregues à guerra civil e à opressão, os ossos e as esperanças. Que apesar de malogrado pela traição e indiferença dos seus compatriotas, o seu exemplo seja a nossa força e a nossa razão para devolver ao que ficou da Pátria a dignidade e a honra, já que a grandeza parece ter-se perdido de vez neste suicídio colectivo que hoje começamos a compreender à medida que o tempo, juiz supremo, vai descortinando a teia obscura destes anos do fim.» (*)

Aí estão eles, todos juntos – comunistas, socialistas e «democratas» com eles alinhados – comemorando a conquista das «amplas liberdades». O 25 de Abril é o maior orgulho da esquerda, tal como é o abandono do Ultramar e a vergonhosa «descolonização».
Numa fatídica madrugada de 1974, os abrilistas arruinaram em poucas horas uma obra de cinco séculos, entregando o Poder a comunistas e a «inocentes úteis» que nunca faltam nesse tipo de revoluções… até serem também eles «rifados» na primeira oportunidade.
O que o 25 de Abril causou em Angola, Moçambique, Guiné, Timor e em todas as nossas Províncias Ultramarinas, foi certamente a maior tragédia da História de Portugal, planeada ao detalhe, até mesmo nos cravos vermelhos que nem sequer floriam por aqui nesse mês… (Foto: «Direita Política»)
(*) Jaime Nogueira Pinto, in «Portugal: os anos do fim», Sociedade de Publicações, Economia e Finanças, Lda., 1976