Sobre os alegados casos de abusos sexuais da parte do clero, conforme tem ultimamente circulado na comunicação social, cumpre lembrar que, na apresentação de uma queixa-crime, a quem de direito, as autoridades normalmente procedem a um inquérito e à recolha de provas, procurando saber quem é o autor do crime.
Ora, relativamente aos números apresentados — 4815 vítimas — perguntamos: como podem 512 testemunhos produzir tal número exorbitante de 4815 vítimas? Refira-se também que destes alegados casos, apenas 25 foram entregues ao Ministério Público, sendo que metade deles já foi arquivada. Recorde-se ainda, que a dita comissão não é nenhum órgão judicial e que a presunção de inocência deve prevalecer até prova em contrário.
Professor de Direito, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa devia saber disto mas ainda agravou mais a imagem negativa que a esquerda tenta dar à Igreja Católica quando, em Outubro de 2022, ao conhecer o resultado da investigação daquela comissão, comentou que «não me parece um número elevado». Eram então 400 casos e já nessa altura o comentário provocou várias reacções de indignação.
Cinco meses depois, precisamente no dia 13 de Fevereiro, aniversário da morte da irmã Lúcia, a dita comissão apresentou publicamente o número astronómico de 4815 vítimas. Recorde-se de passagem que, de acordo com o comunicado dessa comissão à imprensa, 4303 vítimas teriam sido identificadas por 512 pessoas a quem foi perguntado se conheciam mais casos de vítimas.
Realmente assim é fácil fazer números e «estatísticas»!
À vista da realização das Jornadas Mundiais da Juventude – no final do Verão – compreende-se por que está a comunicação social (com a cumplicidade do Poder político, dominado pela esquerda) tão empenhada em manipular e escandalizar a opinião pública contra a Igreja Católica.
Com base em apenas 34 testemunhas e 500 formulários anónimos, enviados pela Internet, a comissão «independente» alega que encontrou mais de 4800 casos de abusos, porém sem apresentar culpa formada e juízo acabado sobre as responsabilidades dos mesmos. Ignorando o princípio da presunção de inocência e sem constituição de arguidos, a comissão «independente» não hesitou em se precipitar numa verdadeira campanha de escândalo e difamação contra a Igreja Católica.
Assim é o nosso «Estado de Direito» e a nova administração da nossa Justiça!
Escusado seria dizer que os crimes de pedofilia ou de abuso sexual são intoleráveis e gravíssimos, principalmente quando cometidos por membros do Clero, devendo ser punidos de forma exemplar pela justiça dos homens e pela Igreja: «É impossível que não venham os escândalos, mas ai daquele por meio do qual eles vêm: ganharia mais se lhe atassem uma pedra de moinho à volta do pescoço e o lançassem ao mar do que ser motivo de escândalo para um destes pequeninos.» (Lucas,17,1)
Mas de um pequeno número de casos efectivamente comprovados até se partir para o exagero e para a manipulação com o objectivo de orquestrar uma insidiosa campanha de difamação, daí até se fazer com que boa parte da opinião pública portuguesa passe a desconfiar de todos os sacerdotes católicos, isso é política extremista de perseguição à liberdade religiosa, tal como ela é praticada nos países comunistas.