No Castelo de Balmoral, Escócia, faleceu a 8 de Setembro a Rainha Isabel II da Inglaterra.
Tinha 96 anos de idade e o seu reinado durou 70, sendo o mais longo da história do seu país. Subiu ao trono em 1952, com apenas 26 anos de idade mas revelando desde longo um elevado sentido do dever no desempenho das suas funções de Chefe de Estado do Reino Unido e das nações da Commonwealth (Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Quénia, etc.), onde também foi sempre amada e respeitada.
A notícia do seu falecimento percorreu rapidamente o mundo inteiro, sendo anunciada com destaque e pesar nas primeiras páginas dos maiores jornais e nos noticiários dos maiores canais de televisão do mundo.
O seu prestígio era enorme, incomparavelmente superior ao de qualquer presidente da república.
Enquanto o Reino Unido beneficiou com a estabilidade de um reinado de sete décadas, nesse mesmo período teve Portugal nove presidentes e de nenhum deles se pode dizer que se tenha identificado com a Nação e com a História do mesmo modo que se identifica um monarca, porque a história de um rei e de uma família real se confunde com a própria História da Nação.
O Reino Unido é uma nação próspera e respeitadíssima porque o seu povo sempre soube reconhecer o valor da Monarquia e sempre viu na sua Rainha muito mais do que um Chefe de Estado. Para os britâncios, Isabel II era um símbolo vivo da nação – a mãe da Inglaterra – como tão claramente se tem visto nas suas filiais e devotadas manifestações de carinho e pesar.
Na Monarquia, «o Chefe de Estado vai acumulando experiência e contactos internacionais, somando sempre o capital que adquire ao que já possui e não se desfazendo dele ciclicamente, como acontece nos países em que há rotação presidencial.
«Vai vendo aumentar o seu carisma, já que o carisma também se constrói a partir do poder.
«Torna-se mais facilmente um símbolo.
«Pode estabelecer objectivos a longo prazo, dado que a sua presença no poder só depende de si próprio, não sendo visto por terceiros como um poder transitório.»(*)
O reinado de Isabel II foi um dos que melhor exprimiu os benefícios da forma monárquica de governo nos tempos modernos. Sobrepondo-se às mudanças governamentais e parlamentares, aos embates eleitorais, às preferências políticas e ideológicas, manteve a unidade, o prestígio e a prosperidade da Inglaterra.
Luís F. Ferrand d’Almeida
(*) José António Saraiva, Director do semanário “Expresso”, Lisboa, 5/12/98, pág.3