A Eutanásia não é outra coisa senão uma discriminação entre seres humanos, dividindo-os em duas categorias: a dos saudáveis e produtivos e a dos que são inúteis à sociedade ou estorvo para os outros. Em regimes políticos que se dizem democráticos não podia haver contradição mais flagrante e mais comprometedora, pois era nessa discriminação que se baseavam as leis do Terceiro Reich sobre o direito à vida. Com efeito, é bem sabido que o regime Nazi implementou um programa medicamente assistido para assassinato em massa, com o patrocínio do Estado. Fazia parte do eugenismo negativo e do apuramento («higiene») racial como via para purificar o «Povo», livrando-o dos «inúteis», dos «inaptos» e dos «improdutivos».
Alguém dirá que a Eutanásia desejada e duas vezes votada por uma maioria dos nossos Deputados, nos fatídicos dias 29 de Janeiro e 7 de Novembro de 2021, não pretende nenhum assassinato em massa. No entanto, não deixa de ser um programa medicamente assistido e patrocinado pelo Estado, tal como na ditadura de Adolf Hitler. E por mais «suave» e «misericordiosa» que seja supostamente a modalidade de Eutanásia aprovada no Parlamento, convém sempre referir que se trata de uma medida inspirada por mentes pérfidas, não sendo por isso de esperar que de uma raiz torta e podre venha a nascer planta saudável, frutífera e generosa.
Apenas a título de exemplo, recorde-se que os grandes «mestres» da Eutanásia moderna, nazista e comunista, foram os alemães Karl Ludwig Binding (jurista, 1841-1920) e Alfred Erich Hoche (psiquiatra, 1865-1943). Foi bem apadrinhada pelo nazismo a obra que ambos publicaram em 1920 sob o título «Die Freigabe der Vernichtung Lebensunwertes Lebens» (Permissão de aniquilar a vida indigna de ser vivida). Foi nela que apresentaram o seu conceito de «lebensunwertes Leben» (vida indigna de ser vivida) com a legalização da «morte por misericórdia» e sob a supervisão de uma equipa médica.
Realmente pode perguntar-se se não haverá aqui certa semelhança entre estes termos e o texto do projecto aprovado no Parlamento…
Também é deveras interessante notar como uma ideia tão querida ao nacional-socialismo de Adolf Hitler tem sido tão entusiasticamente adoptada pelas hostes da Esquerda com todo o seu variado leque de socialistas, comunistas, sociais-democratas, ambientalistas, feministas, etc. É verdade que o PCP votou contra a Eutanásia em Janeiro, mas não o fez senão por conveniência política, pois a sua natureza ateia, materialista, relativista e anti-cristã sempre foi favorável à «morte assistida» por meios diversos… às vezes bem sinistros!
Recorde-se, a propósito, que já o bem conhecido comunista irlandês George Bernard Shaw (1856-1950), romancista, dramaturgo e autor de comédias satíricas de espírito subversivo era um apologista do eugenismo. Sim, do apuramento do património genético de grupos humanos, isto é, do racismo científico e ateu! Curiosa e «paradoxalmente» era também admirador do fascista Benito Mussolini e do ultra-comunista Josef Stalin.
Referindo-se à eliminação daqueles que constituem estorvo para a sociedade, afirmava este prémio Nobel da Literatura que a política eugénica de eliminação pela eutanásia deveria incluir uma «ampla utilização de câmaras da morte» e que «pessoas em grande número deveriam ser eliminadas simplesmente porque causam desperdício de tempo a quem cuida delas».
De facto, a Eutanásia também faz parte «natural» da ímpia ideologia comunista, tendo sido amplamente utilizada pelos ditadores soviéticos, tanto na Rússia como nos países por ela subjugados. Depois de vencido o Nazismo, a seguir à Segunda Guerra Mundial, continuou a praticar-se nos campos da morte que os soviéticos instituíram na então chamada República Democrática Alemã («Alemanha Oriental»).
A aprovação parlamentar dessa lei da morte designada por «Eutanásia» mais uma vez veio mostrar, portanto, que o socialismo, o nacional-socialismo e o comunismo estão novamente unidos naquilo que afinal constitui a sua essência, ou seja, o ateísmo, o materialismo e a destruição dos valores católicos do nosso País e da Civilização Cristã.
L. F. Ferrand d’Almeida