Europa e Canadá: alternativas ao caça F-35 americano

27 Março 2025

Embora sem a sofisticação do F35 (caça de 5ª geração) o Gripen JAS 39 (foto), concebido e fabricado pela Saab da Suécia, pode constituir uma alternativa vantajosa no que toca à considerável diferença de preço, custos da hora de voo e manutenção, capacidade de manobra, versatilidade e adequação aos mais avançados sistemas de armas.

As mudanças políticas da nova Administração Trump causaram profundo impacto no cenário internacional, principalmente nos sectores da Defesa e Forças Armadas.

Os Estados Unidos que até há pouco eram um aliado e uma garantia de segurança para os países da OTAN e para o Ocidente, deixaram repentinamente de ser vistos como parceiro fiável em assuntos militares.

O sofisticadíssimo caça F-35, que na primeira Administração Trump teve um notável crescimento de vendas, com uma redução de preço que até tornou a sua aquisição mais apetecível a vários países, está agora em sério risco de perder mercado para os grandes competidores europeus, como é o caso da Saab (Suécia), da Dassault (França) ou da Eurofighter Jagdflugzeug GmbH (Alemanha, Reino Unido, Itália e Espanha).

F-35 rejeitado pelo Canadá e Portugal

Entre os países que já rejeitaram a planeada compra do F-35, encontram-se Portugal e o Canadá, como é sabido. Nas mãos de um «vira-casaca», agora aliado da Rússia, o F-35 não é arma fiável. Tudo – absolutamente tudo! – o que um piloto fizer no F-35 é detalhadamente monitorizado pelo Pentágono. Comenta-se até que este caça vem «equipado» com um «kill switch», ou seja, um dispositivo que permite ao Pentágono desactivar uma série de funções na aeronave, incluindo, naturalmente, as funções de combate.

Os caças europeus não têm todas as sofisticações do F-35 mas em compensação oferecem outras vantagens consideráveis, tais como custo bastante mais baixo, facilidade de manutenção, versatilidade, adequação a vários sistemas de armas e radares, etc.

O Gripen JAS-39 da Saab destaca-se particularmente nestas características, sendo por isso um sério concorrente para vir equipar a Força Aérea de Portugal ou do Canadá.

A Dassault Aviation, porém, não vai perder a oportunidade de negociar no contexto desta lacuna deixada pela imprevisibilidade das políticas norte-americanas. O CEO da Dassault, Eric Trappier, afirmou que a empresa está atenta à situação e pronta para oferecer as suas aeronaves a nações que optem por alternativas ao F-35.

Relativamente a Portugal, Trappier referiu que, embora o nosso País ainda não tenha formalizado um pedido, a solicitação à Dassault poderá ocorrer nas próximas semanas ou meses, no âmbito de uma proposta do presidente francês Emmanuel Macron, de substituir produtos do sector de defesa dos EUA por armamento europeu.

No Canadá, o novo ministro da Defesa, Bill Blair, anunciou em 15 de Março que o país está a rever a compra dos F-35 em decorrência da tensão nas relações com os Estados Unidos. Apesar de já terem sido pagas as primeiras 16 aeronaves, Blair indicou que o Canadá está a considerar activamente alternativas como o Gripen JAS-39 e tenciona também dialogar com outros fabricantes.

Importância vital do rearmamento europeu

Entre os países que até há pouco os Estados Unidos consideravam como aliados históricos, estas movimentações reflectem uma tendência crescente pela busca de maior autonomia em Defesa, optando por soluções europeias que ofereçam independência estratégica e operacional.

Vale a pena recordar aqui que a Rússia – podemos dizê-lo sem risco de exagero, no que toca à política – é quase sinónimo de «projecto expansionista e colonialista». Foi-o praticamente desde as suas origens, nos séculos da monarquia imperial, nas longas décadas do Comunismo e na actual era putinista, sendo esta fundamentada na estranha doutrina «nazi-comunista» de Alexander Dugin, ideólogo do regime de Vladimir Putin (*). A quem tiver dúvidas sobre isto, recomenda-se que assista no Youtube aos programas televisivos da propaganda russa, apresentados por Vladimir Solovyov e Olga Skabeeva.

Em vista da ameaça russa e do benefício que certamente ela irá tirar do apoio americano, é efectivamente importantíssimo e urgente que a Europa empreenda a sério um amplo e eficaz programa de rearmamento, não para manter o projecto socialista e ateu da União Europeia, mas para defender os seus mais genuínos Valores, que são os da Civlização Cristã.

L. F. Ferrand d’Almeida

NR: (*) Convém que não se confunda o expansionismo russo, feito por meio de guerras coloniais de conquista e subjugação, com a expansão ultramarina portuguesa, geralmente feita por tratados, acordos ou alianças com soberanos locais, na África e na Ásia.

Fontes:
Defense Mirror
Poder Aéreo
1945
Stanford – The Europe Center
MSN – Alexander Dugin: The Ideologue Behind Russia’s Expansionism
Wikipedia – Vladimir Solovyov (TV presenter)
Business Insider – Olga Skabeyeva

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