Porquê Camões? E porquê comunidades de língua portuguesa? Ainda recentemente, numa reunião sobre problemas de saúde mental, um dos presentes surpreendeu com a questão do sentido de a Cruz aparecer na bandeira da região da Madeira e nas velas de barcos. Nunca teria ouvido falar do significado da Cruz nem sua relação com Cristo e o Cristianismo. Será possível esquecer que a Cruz faz parte da história de Portugal? E que a Cruz, Cristo, Cristianismo e Descobrimentos portugueses pelos cinco continentes fazem parte da epopeia de Camões e da identidade portuguesa? São grandes os riscos de os secularismos, laicismos e a onda de wokismos iconoclastas actuais cozinharem um hibridismo de esquerda, aliado à direita liberalista pagã, para cancelar a grande interacção cultural do mundo descrita na epopeia interdisciplinar de Camões.
Na verdade, ninguém poderá anular o cristianismo e a Igreja Católica. Nem cancelar a identidade do Portugal de 900 anos que deixou as suas sementes e marcas nos cinco continentes. Estou a escrever no dia de Santo Bonifácio, inglês, que, nos séculos VII-WIII, cristianizou a Germânia e países limítrofes, a poucos dias da festa do Corpo de Deus e de 10 de Junho.
O Ocidente levou a Cruz de Cristo nas suas caravelas e naus, lançando as bases da globalização cristã católica associada às marcas portuguesa e espanhola. Esta globalidade continua a crescer, enquanto do Oriente muitos ouvem o mandato de Cristo e vêm evangelizar a Europa, tão descristianizada. Continuam o mandato de Cristo: «ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que Eu vos ensinei» (Mt.28,19-20).
Pe. Aires Gameiro
4 de Junho de 2023