Finalmente a consagração da Rússia?…
Filial apelo ao Papa Francisco:
Consagrai a Rússia ao Imaculado Coração de Maria conforme a Santíssima Virgem pediu em Fátima!
Finalmente a consagração da Rússia?…
Apelo ao Papa Francisco sobre a anunciada consagração da Rússia:
Evitai, Santo Padre – nós vos rogamos! – o equívoco de incorrer em nova consagração incompleta e estéril, porque é a paz mundial e milhões de vidas humanas que estão em risco!
Beatíssimo Padre,
Assim que começou a invasão de Vladimir Putin à Ucrânia, logo vos foi dirigido pelos bispos católicos dessa nação um urgente apelo para consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, conforme pedido pela Santíssima Virgem em Fátima. A este apelo, como bem sabeis, juntaram-se muitos membros do Clero e fiéis católicos do mundo inteiro.
Sabemos que Vossa Santidade acedeu a este pedido e que a Santa Sé já está a tomar providências para que «Na sexta-feira, 25 de Março, durante a Celebração da Penitência, a que presidirá às 17h00 na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco consagrará a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria», segundo informou o director da Sala de Imprensa, Matteo Bruni.
Informa-nos também a comunicação social que «o mesmo acto, no mesmo dia, será realizado em Fátima por sua eminência o cardeal Krajewski, esmoler de Sua Santidade, como enviado do Santo Padre.
A celebração, na Cova da Iria, vai decorrer na Capelinha das Aparições.
O cardeal Konrad Krajewski, de nacionalidade polaca, esteve na última semana junto da população ucraniana (ver notícia), vítima da guerra, como enviado especial do Papa.
Alegram-se os nossos corações e reacendem-se as nossas esperanças perante a concretização de tão urgente iniciativa, mas ainda pairam no nosso espírito algumas graves questões que filialmente gostaríamos de partilhar com Vossa Santidade.
Para esclarecimento dos fiéis católicos, permiti-nos então, Santo Padre, recordar em que termos foi a consagração da Rússia pedida pela Santíssima Virgem e o que desde então se fez para que ela se concretizasse.
Na aparição de 13 de julho de 1917, Nossa Senhora disse aos três pastorinhos, na Cova da Iria: «Virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas…» (1)
No dia 13 de Junho de 1929, estando a Irmã Lúcia ingressada no convento das Irmãs Doroteias em Tui (Espanha), teve uma esplêndida visão da Santíssima Trindade e do Imaculado Coração de Maria, durante a qual Nossa Senhora lhe comunicou que se participasse à Santa Igreja o seu desejo de consagração da Rússia:
«É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os Bispos do mundo, a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio.» (2)
Santo Padre, até hoje nenhum Papa realizou a dita consagração nos termos pedidos por Nossa Senhora. Fazei-o vós agora, nós vos rogamos!
Como bem sabeis, esse pedidode consagração da Rússia tem sido sistematicamente ignorado, apesar de oportunamente transmitido à Santa Sé, mais de 90 anos decorridos desde a sua formalização. Mesmo nos casos em que algumas consagrações se aproximaram desses requisitos, nenhuma delas os cumpriu na plenitude. Ou porque foram consideradas «politicamente incorrectas», ou porque poderiam desagradar à Rússia Soviética (uma das vencedoras da Segunda Guerra Mundial), ou porque foram consideradas danosas às políticas de aproximação ecuménica com o clero cismático de Moscovo que inclusivamente se arroga o direito de considerar a Ucrânia como parte do território canónico da Rússia.
Santo Padre, o cisma de 1054 dividiu a Cristandade e desde então boa parte dos povos eslavos foi privada das Verdades da Fé e afastada da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, único meio de salvação das almas, da qual sois o Pastor Supremo.
Os católicos ucranianos nunca fizeram parte desse cisma de onde mais tarde veio a surgir uma «igreja» que se tornou cúmplice do ímpio regime comunista soviético e agora do «novo» Kremlin da era Putin. Já em 1971, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira denunciava a “Igreja Ortodoxa” russa como «mero departamento de propaganda dos comunistas dentro e fora da Rússia». (3) (4)
Não queira, pois, Vossa Santidade incorrer no equívoco de nova consagração incompleta e estéril que coloque a paz mundial em gravíssimo risco, conforme atesta a devastação que as forças invasoras da Rússia continuam a provocar na heróica Ucrânia.
Santo Padre, a Santíssima Virgem pediu a especificamente a consagração da Rússia.
Não fez referência à Ucrânia.
É a Rússia que desde 1917 tem espalhado os seus erros pelo mundo, não é a Ucrânia, embora seja fundamental que esta martirizada nação deva também ser consagrada em acto próprio e exclusivo, assim como incluída nas mais nobres intenções de Vossa Santidade, das quais partilham os católicos de todo o mundo. Mas, para efeitos de consagração segundo a Mensagem de Fátima, foi especificamente à Rússia que se referiu a Santíssima Virgem e seu Divino Filho em revelações privadas à Irmã Lúcia.
Para que não restem dúvidas sobre isto, recordem-se mais uma vez os manuscritos e memórias da vidente de Fátima, desta vez em carta de 29 de Maio de 1930, escrita ao seu confessor, Pe. José Bernardo Gonçalves, SJ:
«Se não me engano, o bom Deus, promete terminar a perseguição na Rússia se o Santo Padre se dignar fazer, e mandar que o façam igualmente os Bispos do mundo católico, um solene e público acto de reparação e consagração da Rússia aos Santíssimos Corações de Jesus e Maria…» (5)
Mais tarde, por meio de outra comunicação íntima, Nosso Senhor queixou-se à Irmã Lúcia de que a consagração da Rússia não tinha sido feita: «Não quiseram atender ao meu pedido. Como o Rei de França, arrepender-se-ão e fá-la-ão, mas será tarde. A Rússia terá espalhado os seus erros pelo mundo, provocando guerras, perseguições à Igreja…». (6)
Em carta de 18 de Maio de 1936, escrita ao mesmo Pe. Gonçalves, a Irmã Lúcia chegou ao pormenor de explicar por que motivo a consagração da Rússia é incontornável e por que tem necessariamente de ser feita pelo Santo Padre:
«Intimamente tenho falado a Nosso Senhor do assunto e há pouco perguntava-Lhe por que não convertia a Rússia sem que Sua Santidade fizesse essa consagração. “Porque quero que toda a minha Igreja reconheça essa consagração como um triunfo do Imaculado Coração de Maria para depois estender o seu culto e pôr, ao lado da devoção do Meu Divino Coração, a devoção deste Imaculado Coração”. Mas, meu Deus, o Santo Padre não me há de crer se Vós mesmo o não moveis com uma inspiração especial. “O Santo Padre! – replicou Nosso Senhor – Ora muito pelo Santo Padre. Ele há de fazê-la, mas será tarde. No entanto, o Imaculado Coração de Maria há de salvar a Rússia. Está-Lhe confiada”.» (7)
Santo Padre, consagrai a Rússia ao Imaculado Coração de Maria nas condições que a Santíssima Virgem pediu em Fátima!
Pela Ucrânia também todos devemos orar, sem dúvida, mas a consagração que tão insistentemente pediu Nosso Senhor e Sua Mãe Santíssima, foi especificamente a da Rússia, por ser dela que têm emanado os erros espalhados pelo mundo, não apenas o comunismo de 1917, mas também os erros do próprio cisma de 1054 que afastou os russos da Fé Católica e que abriu portas ao declínio da Cristandade.
Conte Vossa Santidade com o nosso apoio neste acto de extrema seriedade, do qual depende a paz no Mundo e milhões de vidas humanas.
Como devotos da Santíssima Virgem, cumpre-nos fazer o que Ela pediu, rezando o terço diariamente, praticando a devoção dos cinco primeiros sábados do ano e reparando o Seu Imaculado Coração pelos pecados da humanidade, principalmente pelos nossos próprios pecados.
Mas só vós, Santo Padre, tendes o poder apostólico de conclamar todos os bispos do mundo a se unirem a Vossa Santidade num acto inequívoco, solene e específico para consagração formal da Rússia ao Imaculado Coração de Maria.
Só por meio de tal acto alcançaremos a promessa que a Santíssima Mãe de Deus nos fez em Fátima: «Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará».
Como humildes filhos e filhas da Igreja, este é o apelo que aqui depositamos a vossos pés, apoiando e assinando esta súplica com fé e esperança inabaláveis.
Notas
(1) António Augusto Borelli Machado, «As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia», Editora D. Afonso Henriques, Lisboa, 1982, pp. 45-46).
(2) Pe. Dr. António Maria Martins, SJ, «Memórias e cartas da Irmã Lúcia», Simão Guimarâes Filhos, Lda. Porto, 1973, pp. 462 e 464
(3) https://www.pliniocorreadeoliveira.info/FSP_710912_Sobr_Pimen_IO_russa.htm#.YjJkCjXLeUk
(4) https://www.pliniocorreadeoliveira.info/FSP_710919_Na_IO_russa.htm#.YjJkVTXLeUk
(5) «Memórias e Cartas da Irmã Lúcia», p. 404; «As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia», pp. 79-80.
(6) Este ponto das «Memórias e Cartas da Irmã Lúcia» refere-se à promessa de Nosso Senhor feita ao Rei Luís XVI da França por intermédio de Santa Margarida Maria Alacoque e pela qual Ele lhe assegurou a vida da graça e da glória eterna, bem como a vitória sobre todos os inimigos, se o Rei se consagrasse ao Sagrado Coração e O fizesse reinar no seu palácio, pintar nos seus estandartes e gravar nas suas armas.
O pedido que Nosso Senhor assim formulou ainda não tinha sido atendido quando, em 1792, prisioneiro na Torre do Templo, Luís XVI decidiu então fazer o voto de consagrar solenemente ao Coração de Jesus a sua própria pessoa, a sua Família e o seu Reino se recuperasse a liberdade, a coroa e o poder real. Já era tarde. O Rei só saiu da prisão para a guilhotina. (António Augusto Borelli Machado, «As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia», Editora D. Afonso Henriques, Lisboa, 1982, p. 80).
(7) «Memórias e cartas da Irmã Lúcia», pp. 412 e 414.