Branca era filha de Afonso IX, Rei de Castela, e de Leonor da Inglaterra. Nasceu em Palência no início de 1188. Com onze anos foi prometida como esposa a Luís, Delfim da França (futuro Rei Luís VIII), pelo Rei da Inglaterra, seu tio João «Sem Terra», cuja intenção era a de se reconciliar com o Rei Filipe Augusto (Filipe II da França).
O casamento dos jovens príncipes foi celebrado no dia 23 de Maio de 1200 em Portmort, na Normandia.
Branca não conseguiu conceber durante os primeiros doze anos do seu casamento, o que a deixava profundamente apreensiva, até que um dia recebeu a visita de São Domingos de Gusmão. Este aconselhou-a então a rezar diariamente o Rosário, pedindo a Deus a graça de se tornar mãe. Seguindo fielmente o conselho, foi atendida e em 1213 deu à luz o seu primogénito, Filipe, que veio a falecer na infância.
O fervor da Rainha não se deixou abalar por essa provação. Pelo contrário, ela procurou o auxílio de Nossa Senhora mais do que antes. Distribuiu terços para todos os membros da corte e para os habitantes de muitas localidades do seu reino, pedindo que se unissem a ela na súplica a Deus. A sua ardente oração foi ouvida, nascendo em 1215 aquele que seria depois o Rei São Luís IX, glória da França e modelo de Rei cristão.
Educada nos ensinamentos da fé católica, Branca formou também nos mesmos princípios os seus numerosos filhos, entre eles Luís.
Dos Plantagenetas, seus ancestrais maternos, a Rainha herdou excepcional força de ânimo e um senso político que ficou bem demonstrado ao colaborar nos empreendimentos do marido, encorajado por ela nos seus esforços para expulsar os ingleses de Poitou.
Branca tornou-se Rainha da França em 1223 mas ficou viúva três anos depois. Assumindo a regência em nome do filho, Luís IX, logo se defrontou com a oposição de grandes senhores feudais que, sob a liderança de Pedro Mauclerc, Duque da Bretanha, pretendiam tornar-se independentes do poder real ou procuravam obter maior influência política por não quererem sujeitar-se à regência de uma estrangeira.
Com grande habilidade política, Branca conseguiu sair vitoriosa desta e de outras oposições, vencendo também a de Raimundo VII, Conde de Tolosa, estendendo a autoridade régia ao Languedoc e exercendo-a efectivamente após o casamento do filho Afonso III de Poitiers com Joana de Tolosa.
Nestas lutas, a Rainha foi muito auxiliada pelo cardeal romano Frangipane, legado pontifício que já se encontrava na França desde o reinado Luís VIII, e que tinha boa influência sobre ela.
Quando o filho Luís atingiu a maioridade, em 1234, Branca continuou com ele a ocupar-se das tarefas de estado por uma dezena de anos, enfrentando novas sublevações, especialmente a de Hugo de Lusignan, Conde de Marches.
Com a partida do Rei para a cruzada de 1243, Branca assumiu novamente a regência do reino, vindo a falecer em Paris no dia 26 (ou 27) de Novembro de 1252, enquanto Luís IX ainda se encontrava no Oriente. O seu corpo repousa na Abadia de Maubuisson, fundada por ela em 1242 e onde ela mesma recebeu o hábito cisterciense alguns anos antes da morte. O seu coração encontra-se conservado na Abadia de Lys, nas proximidades de Melun, para onde foi levado em 13 de Março de 1253.
Os casamentos dinásticos da sua vasta prole e dos seus descendentes fizeram com que Branca de Castela se tornasse ancestral de praticamente todas as casas reais europeias em menos de cem anos após sua morte.
Branca de Castela é universalmente venerada como santa, embora ainda não tenha sido canonizada.
Luís de Magalhães Taveiro