São Pio V via bem o poder otomano crescer continuamente e o perigo que havia de eles se lançarem sobre a Itália ou sobre qualquer outra parte da Europa, dando origem a uma invasão que poderia ter efeitos tão ruinosos ou piores do que teve a invasão árabe da Espanha, no começo da Idade Média.
Por que se pode afirmar isto? Porque no tempo de São Pio V, século XVI, já os cristãos da Europa estavam divididos entre católicos e protestantes, lamentável cisão que deveria ser remediada pela conversão dos que negaram a Fé, mas que os progressistas teimam em querer concretizar pelo interconfessionalismo.
O protestantismo tinha naquele tempo um vigor incomparavelmente maior do que hoje. Estava ainda na sua fase de expansão, na sua fase de luta e era de se temer que aproveitasse a agressão dos maometanos para tentar dominar algumas nações católicas.
A missão do Papa São Pio V, portanto, era duplamente difícil. Por um lado tinha que enfrentar o poderosíssimo inimigo otomano e por outro teve que desenvolver um árduo trabalho diplomático para unir a Cristandade e organizar a Santa Liga que deveria enfrentar os turcos.
Ludwig von Pastor, o historiador dos Papas, afirma que o vai-e-vem de todas as tratativas de São Pio V para salvar a Cristandade e a Europa, constituiu um verdadeiro martírio.
A batalha travou-se no dia 7 de Outubro de 1571, em Lepanto, nas costas da Grécia. A vitória católica ficou decidida no auge, quando os soldados de Mafoma avistaram, acima dos mais altos mastros da esquadra de D. João, uma Senhora que os aterrava com seu aspecto majestoso e ameaçador.
Em agradecimento, o Papa institui a festa de Nossa Senhora das Vitórias, depois transformada por seu sucessor na festa de Nossa Senhora do Rosário.
Sem dúvida, pode dizer-se que São Pio V, mais do que o próprio D. João d’Áustria, foi o grande herói desta vitória, preparada com anos de antecedência, no meio de dificuldades tremendas, numa Cristandade que foi necessário voltar a unir, com uma persistência heróica e com um zelo inigualável pelo cumprimento da sua sagrada missão enquanto representante de Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra, defensor da Sua Santa Igreja e da Civilização Cristã.
A vitória de Lepanto foi o triunfo da Fé, do heroísmo e da confiança.