
Paris, 10 de Agosto de 1792: Um membro da Assembleia Revolucionária ordenou ao comandante dos Guardas Suíços que mandasse a sua tropa depor as armas. O comandante recusou-se a fazê-lo, mas ainda assim aproximou-se do Rei e disse-lhe: «Sire, querem que eu deponha as armas». Respondeu-lhe o Rei: «Entregue as armas às mãos da guarda nacional; não quero que homens de bem como os senhores venham a morrer». Logo em seguida, o Rei entregou ao comandante um bilhete escrito do próprio punho e nestes termos: «O Rei ordena aos suíços que deponham as armas e se retirem às casernas».
Tal ordem foi um golpe inesperado para esses valorosos militares, pois eles sabiam que isso os entregaria indefesos aos revolucionários sedentos de sangue. Mesmo assim obedeceram, sendo este o seu último sacrifício, pago com as próprias vidas. O Palácio das Tulherias caiu logo nas mãos dos agressores que massacraram os que ali estavam, incluindo os feridos e doentes.
Aos agitadores juntaram-se às peixeiras dos mercados que se entregaram a ignóbeis mutilações dos cadáveres.
Assim acabou o Regimento dos Guardas Suíços do Rei de França, ao cabo de século e meio história e de serviços prestados à Monarquia que inevitavelmente desabou também nesse fatídico 10 de Agosto.
Para a posteridade, no entanto, ficará sempre a sua bravura e fidelidade.
Fonte: «Le Carnet historique et littéraire», publicado em 1899