Joseph Stalin morreu a 5 de Março de 1953, ou seja, precisamente há 70 anos.
Como é sabido, foi um dos ditadores mais monstruosos da História, responsável por um imenso genocídio e por crueldades inimagináveis, como foi o caso da grande fome («Holodomor») imposta à Ucrânia e em consequência da qual se estima que tenham morrido entre 6 a 8 milhões de ucranianos. (Cfr. «O Livro Negro do Comunismo», Quetzal Editores, Lisboa, 1998).
A morte alucinante desse homem foi assim descrita pela própria filha, Svetlana Alliluyeva:
«A agonia foi terrível. Ele asfixiava diante de nós. De repente, no último momento – terá sido realmente assim? – não me lembro, mas foi o que me pareceu, abriu os olhos e envolveu todos os presentes com o seu olhar, um olhar demente, furioso, cheio de medo da morte e de medo dos rostos desconhecidos dos médicos que se debruçavam sobre ele. Aquele olhar percorreu toda a assistência durante uma fracção de minuto e a seguir, num gesto assustador que ainda hoje não compreendo, mas que não fui capaz de esquecer, ele ergueu a mão direita, a única que ainda conseguia mexer. Teria sido com o fito de apontar alguma coisa no alto ou estaria a ameaçar-nos a todos? Não percebemos quem ou o que visava este gesto incompreensível, mas ameaçador. Logo a seguir, com um derradeiro sobressalto, a alma abandonou o corpo.»
Fonte: Vingt lettres à un ami par Svetlana Alliluyeva, Paris, Seuil, 1967, p. 24.